quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Presente de Natal



Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura. De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”. (Lc 2:11-14)

Não é novidade que o Natal é uma data mundialmente comemorada, sendo, para a maioria absoluta dos cristãos (e até não-cristãos), a principal festa no calendário anual. Por conta da época, algumas expressões se tornaram lugar-comum, como: espírito do Natal, magia do Natal etc.

Outra faceta dessa festa é o aspecto comercial. De acordo com as associações de lojistas, o Natal continua sendo a época que mais movimenta o comércio e, por conseguinte, que mais ganhos proporciona. Afinal, quem não gosta de passar o Natal com roupa nova? Isso, sem falar nos presentes, que são responsáveis por uma parcela considerável das compras de fim de ano e, portanto, do endividamento das pessoas.

É comum nessa época ouvirmos questionamentos acerca da (des)sacralização da festa. Em outras palavras: se o Natal é ou não uma festa verdadeiramente cristã. Afinal, até que ponto é espiritualmente salutar comemorar essa data? Celebrar o Natal fere a minha fé?

O Natal e o paganismo

Muito se tem falado no meio evangélico acerca da origem pagã do Natal, sobretudo a ala, digamos, mais puritana. Primeiramente, há que se considerar que há mais de uma versão da suposta origem da festa no paganismo.

A primeira delas, e a mais propalada, é aquela que diz ser o Natal uma nova roupagem da festa celebrada pelos persas, em homenagem ao seu deus Mithra, o Sol Invicto (Natalis Solis Invictis, ou Nascimento do Sol Invicto), no dia 25 de dezembro, uma festa marcada por orgias e embriaguez.

Outra conhecida versão associa o Natal à antiga festa romana chamada Brumália, que acontecia exatamente no dia 25 de dezembro, logo após a Saturnália (festividade em honra do deus romano Saturno, que se estendia do dia 17 a 24 de dezembro). É sabido que a Brumália era mais uma homenagem ao deus Baco; portanto, não poderia faltar a libertinagem, regada a muito vinho (Baco era o deus do vinho para os romanos).

Há ainda outra versão, e a mais esdrúxula de todas: aquela que defende a origem do Natal no personagem bíblico Nimrode (cujo significado é “rebelar”), que teria nascido em 25 de dezembro. Ninrode era filho de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé. De acordo com o relato do livro de Gênesis, Ninrode foi um homem poderoso na terra (Gn 10:8-9); foi ainda o fundador da cidade de Nínive (Gn 10:11) e o provável responsável pela construção da torre de Babel (Gn 11:1-9). O motivo de associar Ninrode ao Natal deve-se ao fato de Babel ser considerada a gênese do império babilônico (Babel foi a primeira capital da Babilônia).

Especulações à parte, é sabido que o Natal foi incorporado ao calendário religioso, pelo imperador Constantino, no ano 354 d.C. Vale lembrar que Constantino foi o imperador responsável pela junção da Igreja ao Estado romano, tornando o Cristianismo a religião oficial do império, após sua suposta conversão à fé dos apóstolos de Jesus, no ano 312 d.C. Essa data é identificada pelos cristãos evangélicos como o início da Igreja Católica Romana, haja vista que o próprio imperador tornou-se, oficial e historicamente, o primeiro sumo-pontífice. Pelo que se sabe, Constantino não abandonou suas práticas pagãs, conservando, até o final de seus dias, a adoração às suas divindades romanas e gregas, ao mesmo tempo em que declarava sua nova fé cristã. Na realidade, a partir daí o que Constantino fez foi dar início a uma prática que se tornou uma constante na Igreja Romana: a mistura de elementos, símbolos e práticas pagãos aos costumes e padrões cristãos, dando origem a uma nova religião, largamente identificada pelos teólogos modernos como romanismo, mais conhecido como catolicismo, ou ainda catolicismo romano.

Fontes históricas informam que o imperador romano era adorador do deus-Sol (o Sol Invicto), o que o teria levado a dar um novo significado ao dia 25 de dezembro, que passou a ser uma data cristã, o dia do Natal do Filho de Deus (e não mais Natal do Sol Invicto).

O dia 25 de dezembro

"Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam os seus rebanhos, durante as vigílias da noite." (Lc 2:8)

Alguns argumentam ser errado comemorar o Natal no dia 25 de dezembro pelo simples fato de, originalmente, essa data ser dedicada ao Sol Invicto.

A bem da verdade, embora não seja possível precisar a data correta do nascimento do Salvador, podemos asseverar que esse dia não foi 25 de dezembro. Na Judéia, no mês de dezembro é inverno, marcado por frio e muita chuva, o que leva os pastores a recolherem o rebanho dos campos desde o mês de outubro.
Outro argumento diz respeito ao recenseamento decretado pelo imperador Cesar Augusto, que jamais aconteceria no período invernal (Lc 2:1).

O período mais provável para o texto de Lucas é o outono, que equivale ao nosso mês de setembro, cerca de seis meses após a Páscoa. Vale lembrar que, nesse período, acontece a Festa dos Tabernáculos, cujo significado é, literalmente, que Deus veio “tabernacular” (morar) conosco.

Os Símbolos Natalinos

Outra controvérsia gira em torno dos símbolos natalinos e suas origens.

A árvore de Natal, por exemplo, está associada ao antigo costume pagão de adorar árvores, uma vez que, normalmente, cada divindade era associada a uma árvore. Outra versão diz que a árvore tem origem em Ninrode (o mesmo da Torre de Babel), que após sua morte passou a ser adorado através da imagem de um pinheiro. Entretanto, o próprio Martinho Lutero, que protagonizou a Reforma Protestante, no século XVI, teria incluído a árvore como um enfeite natalino, destituída de qualquer intenção de culto.

O bom velhinho, popularmente conhecido como Papai Noel, tem sua origem em São Nicolau, um bispo romano do século V, que teria se notabilizado por distribuir presentes entre os pobres e crianças carentes. Conforme a tradição católica, Nicolau, que se tornou santo, passou a ser venerado no dia 6 de dezembro, data alterada para o dia 25 em função do Natal. Tradicionalmente, o velhinho também dado origem ao costume de dar e receber presentes nessa época.

O presépio, representação do momento em que o menino Jesus encontra-se em uma manjedoura, ao lado de Maria e José, juntamente com os pastores (ou com os magos do oriente), de acordo com a tradição católica, teve início no ano 1223, na Itália, quando o frade católico Giovanni di Pietro di Bernardone (popularmente conhecido como São Francisco de Assis) decidiu montar um cenário com os personagens do presépio, durante a missa de Natal. Apesar da tradição, muitos cristãos associam o presépio com a idolatria, desaconselhando seu uso como decoração de Natal.

Guirlandas e luzes são igualmente associadas a costumes pagãos. As guirlandas teriam origem no antigo costume de se adornar edifícios com coroas feitas de ramos verdes, nas festividades pagãs. As luzes seriam usadas para reanimar o deus-Sol, ao final do dia.

Natal sem Jesus

Veja que a tradição não deve substituir a essência. Para que o Natal seja, verdadeiramente, uma festa cristã é imprescindível que haja o Cristo! Não é concebível comemorar o aniversário de Jesus sem o próprio Jesus.

O Natal de Jesus não deve ser uma tradição vazia, regada a bebedices e glutonarias, aproximando-o dessa forma às antigas festividades pagãs. Precisa, sim, ser uma oportunidade de proclamar entre os familiares e amigos que o Filho de Deus se fez carne e tornou-se o Emanuel, Deus Conosco:

“E o Verbo se fez carne, e habitou (tabernaculou) entre nós, e vimos a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1:14)

* Esta mensagem foi pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 21/12/2014.
REFERÊNCIAS:

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A Teologia da Cruz

"e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim." (Mt 10:38 NVI)
A despeito de muitas religiões, movimentos, organizações e até mesmo nações utilizarem a figura da cruz (a exemplo da antiga cruz ansata, a mística cruz de Caravaca ou Lorena, a proibida cruz suástica nazista etc.), ela ainda é um dos principais símbolos do Cristianismo.
Como símbolo do Cristianismo, é sabido que a cruz passou a ser usada a partir do segundo século da Era Cristã, uma vez que, no primeiro século, o símbolo usado pelos cristãos era o peixe (ou “ichthys”), sendo a cruz raramente usada, por representar um doloroso método de execução pública.
Sendo um dos símbolos do povo cristão, qual a mensagem que a cruz nos traz?
A cruz como símbolo de renúncia
A cruz é largamente usada como uma espécie de amuleto por devotos mundo afora, ou ainda por jovens, tatuadas em seus corpos ou gravadas em suas roupas, passando-nos uma mensagem de revolta ou grito de liberdade.
Mas para o cristão verdadeiro, a primeira representação da cruz é aquela que diz respeito a renúncia, a abrir mão de seus próprios interesses e vontades, e por isso mesmo é o instrumento pelo qual o Senhor mede a nossa “capacidade” de segui-lo:
“…e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” (Mt 10:38 – NVI)
Quanto a isso, o evangelista Lucas é mais específico:
“Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Lc 9:23)
“E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.” (Lc 14:27 – NVI)
A cruz como símbolo do poder de Deus
Há ainda aqueles que têm na cruz um mero emblema heráldico, usando-a como distintivo familiar ou nacional.
Para os cristãos ela é símbolo do poder de Deus, na medida em que ela fala do sobrenatural poder de Deus para resgatar pessoas que estavam destinadas à perdição eterna:
“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.” (1 Co 1:18)
A cruz como símbolo de reconciliação
Enquanto alguns fazem uso na cruz como símbolo místico, os cristãos a têm como uma simbologia para a reconciliação entre os homens e do homem com Deus:
“Pois ele [Cristo] é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade.” (Ef 2:14-16 – NVI)
A cruz como símbolo de obediência
Apesar de a cruz suástica estar proibida em alguns países, como na própria Alemanha (o Código Penal tornou criminosa a exibição de suástica e outros símbolos nazistas) e no Brasil (a Lei 9.459/97, art. 20, §1º, proíbe a fabricação, comercialização, distribuição e veiculação da cruz suástica, com pena de dois a cinco anos e multa), muitos ainda a empunham como símbolo de protesto e revolta, em diversas localidades.
Os cristãos, porém, a veem como a marca da obediência, demonstrada por Jesus:
“E [Jesus], sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2:8 – NVI)
A cruz como símbolo da vitória
Para muitos, a cruz ainda é apenas um símbolo de sofrimento e dor. Para os cristãos, é muito mais do que isso. Ela é a prova de que, em Jesus, temos a vitória sobre todo principado e potestade espiritual:
“…e [Jesus], despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.” (Cl 2:15)
Conclusão
A cruz foi e continua sendo uma das principais marcas do cristão autêntico. Ela nos fala sobre renúncia, sobre o poder de Deus, sobre reconciliação, sobre obediência e, por fim, sobre a nossa vitória contra todo mal. Porém, a cruz só tem valor quando consideramos aquele que é o autor e consumador da nossa fé. (Hb 12:1-2)

Referências:
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 06/04/2014.
* Todas as referências bíblicas citadas foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net), versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA), excetuando-se aquelas cuja tradução for citada, como a Nova Versão Internacional (NVI) ou Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).
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