terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Senhor do Templo

"Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo." (Mt 12:5-6)

Ao longo da História das religiões, o templo sempre foi considerado o lugar da adoração, da devoção, da oferenda. Ainda hoje, diversas culturas, povos, tribos e línguas usam os templos (sejam singelos altares ou choupanas, ou ainda suntuosas instalações revestidas de ouro e pedras preciosas) como locais sagrados onde os fiéis se reúnem para apresentar louvor às suas divindades.
Em se tratando do povo judeu, no período em que atendiam apenas pelo termo hebreu, observamos que, na ausência de um local adequado, os próprios fiéis construíam altares destinados à adoração do Deus “Eu Sou” (YHWH) (Noé – Gn 8:20; Abrão – Gn 12:7; Isaque – Gn 26:25; Jacó – Gn 33:20; Moisés – Êx 17:15).
Em seguida, foi a vez do Tabernáculo: a primeira construção de grande porte destinada à devoção ao Deus de Israel. Entre os capítulos 25 e 31 do livro de Êxodo, encontramos as instruções de Deus a Moisés para a construção do Tabernáculo. Do capítulo 34 ao 40 do mesmo livro, lemos sobre a sua construção. Observa-se, desde os materiais até as formas e cores, um cuidado especial de Deus com aquele que seria o “lugar de Sua morada”. Por isso mesmo, o projeto do Tabernáculo já mostrava que seria um empreendimento caro: Só para falar dos metais usados, estima-se que foi recolhido cerca de 1.270 kg de ouro, 4.360 kg de prata e 3.050 kg de bronze (Êx 38:24,25,29).
Em Êx 25:8, lemos: “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”. O termo tabernáculo, no original é derivado de uma raiz que significa, literalmente, “estabelecer-se”, “morar”. Por esse motivo, era também chamado de “a tenda” (Êx 26:36), “a tenda da congregação” (Êx 29:42) e “a tenda do Testemunho” (Nm 17:7).
A GLÓRIA DO PRIMEIRO TEMPLO
O primeiro templo judaico fora construído pelo rei Salomão, no séc. XI a.C., no local anteriormente adquirido por seu pai para a construção de um altar ao Senhor, na região de Moriá, de um jebuseu chamado Araúna (2 Sm 24:21-25), também chamado Ornã (1 Cr 21:18), e levou sete anos para ser concluído (1 Rs 6:37-38). É sabido que a construção de um templo ao nome do Senhor era um desejo do coração do rei Davi, mas que lhe foi negado, porque teria derramado muito sangue durante o seu reinado (2 Sm 7:12-13; 1 Rs 5:3-5; 1 Cr 28:2-3).
Em 1 Cr 29:5-7, lemos que o rei Davi incentivou o povo a ofertarem para a construção do templo, e o resultado foi: cinco mil talentos de ouro (cerca de 168 toneladas), dez mil talentos de prata (aproximadamente 336 toneladas), dezoito mil talentos de bronze (algo em torno de 675 toneladas) e cem mil talentos de ferro (o equivalente a 3.750 toneladas). Isso sem falar da oferta pessoal de Davi: três mil talentos de ouro (mais de 100 toneladas) e sete mil talentos de prata (cerca de 235 toneladas), e dos demais materiais ofertados pelo povo, como pedras preciosas e tecidos.
Quanto ao contingente envolvido na obra, temos: 30 mil homens de Israel para irem ao Líbano (1 Rs 5:13-14), 70 mil para levarem as cargas e 80 mil para trabalharem pedras nas montanhas (1 Rs 5:15), além de 3.850 como responsáveis pela obra (1 Rs 5:16; 9:23). Ou seja, um total de 183.850 homens. Desse total, 150 mil eram estrangeiros, parte do povo cananeu que vivia em Israel (1 Rs 9:20-21; 1 Cr 22:2; 2 Cr 2:2).
Em se tratando das dimensões do templo, encontramos o seguinte: 60 côvados de comprimento, 20 de largura e 30 de altura (1 Rs 6:2). Se considerarmos a medida comumente aceita (côvado = 46 centímetros), então o templo teria 27,60m x 9,20m x 13,80m. Há que se considerar, no entanto, que o texto de 2 Cr 3:3 pode indicar um côvado maior (53 centímetros), e nesse caso teríamos: 31,80m x 10,60m x 15,90m.
Na dedicação do templo, depois que os sacerdotes inseriram a arca da aliança no Santo dos Santos, uma nuvem encheu a casa do Senhor. Tão grande era a glória de Deus naquele lugar que os sacerdotes não puderam permanecer ali para ministrar (1 Rs 8:10-11). Como sacrifício, Salomão ofereceu 22 mil bois e 120 mil ovelhas (1 Rs 9:63).
O tEMPLO reconstruído
Em 586 a.C., quando Zedequias era rei sobre Judá, Nabucodonosor II, também chamado Nebucadrezar, após a tomada de Jerusalém, destruiu o primeiro templo, dando início ao que ficou conhecido como exílio ou cativeiro babilônico (2 Rs 25:1-10). Com a tomada de Jerusalém e a destruição do templo, todos os utensílios foram levados para Babilônia (2 Rs 25:13-17).
A primeira reconstrução do templo se deu em 516 a.C., com o retorno de quase 50 mil judeus (49.897, para ser exato – Ed 2:64-65) à sua terra, sob o comando de Zorobabel, após Ciro da Pérsia ter dominado a Babilônia. De acordo com o relato do livro de Esdras (1:1-4), o rei Ciro decretou o retorno de todos os judeus à sua terra e a reconstrução do templo no mesmo local do primeiro.
Esdras descreve ainda que, já no momento em que os alicerces do novo templo foram lançados, “muitos dos sacerdotes e levitas e cabeças de famílias já idosos, que viram a primeira casa, choraram em alta voz quando à sua vista foram lançados os alicerces desta casa” (Ed 3:12). O profeta Ageu é mais enfático quando lança a pergunta: “Não é ela como cousa de nada aos vossos olhos?” (Ag 2:3).
Na dedicação desta casa, foram oferecidos 100 novilhos, 200 carneiros, 400 cordeiros e 12 cabritos. Note que esta oferta foi mais de 200 vezes menor do que aquela apresentada quando da dedicação do primeiro templo. Isso pode ser explicado pelo fato de o povo no tempo de Esdras ser muito mais pobre e em menor número. Apesar disso, o Senhor declarou que a glória desta última casa seria maior do que a da primeira (Ag 2:9).
No séc. II a.C., o segundo templo foi profanado por Antíoco Epifânio, que governou a Síria entre os anos 175 e 164 a.C. De acordo com registros históricos, Antíoco mandou sacrificar uma porca no altar.  Tal incidente deu origem à chamada revolta dos Macabeus.
No ano 4 A.D., Herodes o Grande, com o intuito de ganhar a simpatia dos judeus, mandou reconstruir o templo. Na realidade, o verdadeiro propósito de Herodes era agradar a César. Segundo informações, esse terceiro templo teria sido maior e mais portentoso do que os dois primeiros.
Por fim, esse terceiro templo (que ficou conhecido como Templo de Herodes) fora destruído quase que totalmente, no ano 70 A.D., por Tito Flávio, então imperador romano, em resposta à Grande Revolta Judaica, que teve início no ano 66 A.D. Atualmente, historiadores concordam que o Muro das Lamentações foi a única coisa que restou do terceiro templo.
O SENHOR DO TEMPLO
No texto de Mt 12:1-8, os fariseus questionam a Jesus sobre o fato de os discípulos terem violado o sábado, colhendo espigas. Em resposta, o Senhor afirma que está diante deles quem é maior do que o templo (o reino de Deus) e que o Filho do Homem é maior do que o sábado.
Outro episódio que envolve o cuidado com o templo está registrado em Mt 21:12-13, quando o Senhor expulsou os que vendiam e compravam e virou as mesas dos cambistas e cadeiras dos que vendiam pombas.
O VERDADEIRO TEMPLO
Fazendo um retrospecto dos lugares de adoração apresentados até agora (Altares, Tabernáculo, Templo de Salomão, Templo de Zorobabel e Templo de Herodes), chegamos a pelo menos uma conclusão: Deus queria habitar (“tabernacular”) entre os homens.
Todos esses lugares de culto são apenas uma figura do verdadeiro templo, aquele revelado em 1 Co 6:19: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”
Quando diante da mulher samaritana, o Senhor já havia feito essa revelação:
“Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.[…] Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:21,23,24).
Nestes dias, temos acompanhado inúmeras discussões em torno do templo. Tais discussões passam pela forma, arquitetura e até mesmo aspectos ornamentais. Recentemente, a Igreja Universal do Reino de Deus anunciou a construção de um mega-templo no Bairro do Brás, em São Paulo, como uma réplica do Templo de Salomão. Segundo dados oficiais, a obra, que está orçada em 200 milhões de reais, deverá ser concluída em 2014, e abrigará cerca de 13 mil pessoas. Diante disso, há aqueles que exaltam o empreendimento, ao mesmo tempo em que outros desferem ataques dizendo que se trata de uma obra desnecessária.
E o que dizer dos nossos templos? Você não concorda que existe uma preocupação exacerbada com os nossos locais de culto? Talvez essa preocupação sobrepuje até mesmo a preocupação com os membros, que são a própria igreja (1 Co 12:27).
CONCLUSÃO
Em lugar de nos desgastarmos em torno de questões supérfluas no que tange ao templo feito por mãos humanas, está na hora dos verdadeiros cristãos se preocuparem com o verdadeiro templo, que é a morada do Espírito Santo.
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária, em 28/11/2010.

Referências:

Bíblia On Line Net. Disponível em: http://www.bibliaonline.net/

Deffinbaugh, Bob. O Tabernáculo - O lugar da morada de Deus (Êxodo 35:8 - 39:43), disponível em:
http://bible.org/article/o-tabernáculo-o-lugar-da-morada-de-deus-êxodo-358-3943, acesso em 25/11/2010.
Ryrie, Charles Caldwell. A bíblia anotada, Mundo Cristão, 1994: São Paulo.
WIKIPÉDIA. Nabucodonosor II. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nabucodonosor_II_da_Babilónia

__________. Templo de Salomão. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_salomão

__________. Segundo Templo. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo_Templo

__________. Grande Revolta Judaica. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Revolta_Judaica

__________. Templo de Salomão(IURD). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Salomão_(IURD)
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