sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Trocando a autoajuda pela ajuda do alto

"Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua alma.O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre." [ Sl 121]
O mercado da chamada autoajuda tem crescido vertiginosamente. São livros, palestras motivacionais, cursos; todos formatados para alegrar o coração dos interessados nesse tipo de material, e olha que não são poucos. Só nos Estados Unidos, o segmento movimenta mais de 10 bilhões de dólares por ano.

Consequentemente, é crescente também o número de gurus. Até mesmo personalidades da TV entraram na “onda” da autoajuda, alguns publicando até trabalhos próprios sobre o assunto.

Autores como Rhonda Byrne, com o seu “The Secret” (O Segredo), engrossam a lista dos preferidos daqueles que se deliciam com clichês como: “o universo conspira a seu favor”. Todos falam sobre uma suposta “receita de sucesso” na vida (pessoal, profissional, sentimental…) e, invariavelmente, confundem a fé com o pensamento positivo.

Como se não bastasse, práticas esotéricas e orientais, como Feng Shui, Yoga e meditação, dão um toque especial a essa receita, que, nesse particular, apela para o bem-estar e o equilíbrio.

O Segredo… que não te contaram

O best-seller “The Secret” (O Segredo), baseado no filme homônimo, foi lançado em 2007 e já vendeu mais de 1,2 milhões de cópias, só no Brasil[1]. Escrito pela australiana Rhonda Byrne, o livro apresenta uma suposta “lei universal da atração”, que pode ser resumida da seguinte forma: “tudo o que vem até você é atraído por você mesmo”; em outras palavras, se você mentaliza prosperidade, saúde, sucesso e fama… BUMMMM! Elas acontecem em sua vida; por outro lado, quando você pensa em doenças, miséria, violência e tragédia… TCHAN-TCHAN! Seu pedido é uma ordem!

O que muitos não sabem é que autores como Rhonda Byrne integram o chamado Movimento do Novo Pensamento (New Thought)[2], que teve início nos Estados Unidos, no final do século XIX (portanto, de novo não tem nada), e defende ideias metafísicas como: pensamento positivo, lei da atração, cura, força vital, poder da mente, visualização criativa e poder pessoal.

As ideias do Movimento foram duramente rechaçadas pela comunidade científica[3]. Quanto à Lei da Atração… bem, pra começo de conversa, não preenche os mínimos requisitos para ser considerada lei. Uma das principais aberrações dessa “lei” é que todas as doenças se originam da mente. Ou seja, o indivíduo fica doente porque quer.

O verdadeiro segredo (aliás, nem é necessariamente um segredo) é que não existe uma receita de sucesso, como prometem os expoentes do Novo Pensamento e sua Lei da Atração. Você já deve ter ouvido falar que “de boas intenções o inferno está cheio”. Portanto, não basta seguir o mantra proposto por eles: saber o que quer, pensar nisso com convicção, pensar que já está a caminho e estar pronto para receber. Eles esqueceram de requisitos como: dedicação, esforço, trabalho, determinação, boa vontade, disposição e resignação. Isso sem falar em fé em Deus (que, definitivamente, não é o mesmo que pensamento positivo).

O mais estranho é que, ao que parece, alguns se baseiam em citações e trechos da Bíblia para apoiar suas ideias. Vejamos:

Em Pv 23:7, lemos: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo”. Esse trecho é normalmente interpretado da seguinte forma: “o homem é aquilo que ele pensa”, que se tornou até um aforismo. Agora, leiamos o texto dentro de seu contexto:

“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti; mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão. Não cobices os seus delicados manjares, porque são comidas enganadoras. Não te fatigues para seres rico; não apliques nisso a tua inteligência. Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus. Não comas o pão do invejoso, nem cobices os seus delicados manjares. Porque, como imagina em sua alma, assim ele é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo.” (Pv 23:1-7)

Veja que “imagina em sua alma” não se refere a todos os homens, mas ao homem invejoso (o texto hebraico se refere ao homem “de olhos maus”).

Outro exemplo, são os textos dos evangelhos de Mateus: “e tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis” (Mt 21:22) e Marcos: “Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Mc 11:24). Os adeptos da Lei da Atração fazem uso das frases de Jesus, além de outros textos que expressam a mesma ideia, para apoiar máximas como: “você é o criador da sua própria realidade”. O que parece mesmo é que esse controverso movimento acredita que as coisas acontecem como um passe de mágica. Eles até fazem uso do termo “fé”, citando Hb 11:1: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. Ora, todos os textos citados fazem alusão à fé em Deus, não no próprio homem, tampouco no Universo, como querem fazer crer nossos aspirantes a mágicos.

Além de um dom espiritual, portanto, dado por Deus (Ef 2:8), a fé precisa vir acompanhada de prática: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta […] Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente” (Tg 2:17,24). Em Mt 13:54-58, lemos que Jesus estava ensinando em sua própria cidade (Nazaré), mas não realizou ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. Assim, conclui-se que existe um processo, que prevê a combinação perfeita de fé em Deus e atitude.

Se a autoajuda não ajudou, que tal a ajuda do alto?

Livros, vídeos, cursos, práticas orientais. Toda a parafernália de material parece não ser suficiente para suprir o apetite dos interessados em autoajuda. Ora, se não supre, não seria porque a autoajuda não tem as respostas de que o homem necessita?

No texto do Salmo 121, lemos que o nosso socorro vem de Deus, que fez os céus e a Terra. É no Criador que encontramos as respostas para as grandes questões da vida. Ele conhece a nossa estrutura (Sl 139:1; 103:14), e, portanto, sabe do que precisamos.

Em Sl 18:6, o salmista declara: “Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos”.

Ainda no livros dos Salmos, encontramos que o Senhor “… não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro” (Sl 22:24). E mais: “SENHOR, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste.” (Sl 30:2); “Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro.” (Sl 40:1); “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.” (Sl 46:1)

Conclusão

Amado e amada de Deus, esqueça as fórmulas prontas, rejeite as propostas que oferecem sucesso e prosperidade. O verdadeiro sucesso é a soma de dedicação, esforço, trabalho, resignação, além de fé em Deus. Mas o resultado ainda depende da vontade do próprio Deus; sem contar que ele não acontece da mesma forma com todas as pessoas.

O começo de tudo deve ser entregar-se completamente a Ele: seus planos, projetos, sonhos, aspirações, problemas, angústias, dores, enfermidades, e o mais ele fará (Sl 37:4-7).

* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 16/09/2012.

Referências:

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