domingo, 26 de novembro de 2017

Novidade de vida


“…assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6:4)

Você alguma vez já se perguntou o que significa o termo evangelho?

Evangelho (de onde se originam as designações evangélico e evangelista), etimologicamente falando, vem do termo grego euangelion, que significa “boa notícia”, “boas-novas”, “novidade”. É por esse motivo que os quatro primeiros livros do Novo Testamento são chamados Evangelhos. Então, podemos simplesmente dizer: “As boas-novas de Jesus Cristo segundo Mateus, Marcos, Lucas e João”.

Evangelho, portanto, é um termo bem apropriado para contar a história daquele que mudaria definitivamente a história da humanidade. Essa palavra já indica a missão do Filho de Deus: fazer do velho o novo.

A mudança não é linear

Na Bíblia, encontramos diversas referências sobre a necessidade de o indivíduo desejar para si uma nova perspectiva, assumir um novo posicionamento diante de Deus, ter as suas vontades e preferências transformados, desfrutar de uma mudança de mente, dar um novo rumo à sua vida, etc:

“E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Co 5:17)

"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:2)

"Fui crucificado com Cristo. Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2:20)

Agora, como se processa a mudança operada por Jesus na vida de uma pessoa? Alguns querem crer que ela acontece instantaneamente. Outros acreditam que se trata de um processo homogêneo, que deve ocorrer da mesma forma, independentemente da pessoa. Há ainda aqueles que defendem que a mudança só existe de verdade, se ela for radical, no estilo “da água para o vinho”.

A primeira coisa a considerar é o aspecto da individualidade ou exclusividade. Sabemos que cada pessoa é única, exclusiva. Logo, não podemos esperar que a mudança ocorra da mesma forma com todas as pessoas, ou ainda no mesmo tempo.

Há uma antiga canção que dizia que “a experiência é pessoal, por isso vou vivê-la intensamente”. Ora, se é assim, por que queremos que ela aconteça da mesma forma? Isso sem falar que, na sua infinita sabedoria, Deus tem uma maneira peculiar de tratar com cada uma de suas criaturas.

Ao observarmos a experiência dos discípulos de Jesus, bem como a sua trajetória, podemos perceber que, ao longo de cerca de três anos, eles desfrutaram praticamente das mesmas coisas, ouviram os mesmos discursos, presenciaram muitas vezes os mesmos milagres e receberam os mesmos ensinamentos. Mas, seria correto afirmar que tiveram as mesmas escolhas, ou que seguiram os mesmos caminhos? Se você se der ao trabalho de ler os quatro evangelhos, saberá que cada um dos discípulos tinha a sua própria identidade, que cada um deles respondia de uma maneira peculiar a cada situação. Mesmo no momento crucial – aquele compreendido entre a prisão de Jesus, seu julgamento, seu flagelo, a crucifixão e, finalmente, sua ressurreição –, percebemos que os discípulos reagem diferentemente (ler Mt 26:17-28:15; Mc 14:12-16:18; Lc 22:7-24:49; Jo 18:1-21:24).

Chega de estereótipos!

Essa nossa tendência de querer que a transformação ou conversão aconteça da mesma forma nos leva a criar os estereótipos. Começamos por querer definir o que entendemos como “o padrão de cristão”: o que deve ou não comer, o que deve vestir, os lugares que pode frequentar, as pessoas com quem deve andar, e por aí vai…

Veja que, ao cedermos à tentação de estabelecer esses padrões, esquecemos de que a graça do Senhor é multiforme (1 Pe 4:10). Circunscrever a graça seria o mesmo que limitar o próprio poder de Deus.

Por muito tempo, muitos entendiam que os crentes, por serem pessoas santas, não deveriam frequentar locais como clubes, cinemas e demais eventos sociais, sob pena de não se “contaminar” com os impuros. Tecnologias como a televisão e a internet eram demonizadas por muitos líderes cristãos. Ambientes como estádios de futebol ou arenas de esportes também não seriam aconselháveis. Crente não podia jogar futebol ou outro esporte qualquer, afinal, “jogo é do diabo”. Homens crentes deveriam andar somente de calças compridas (shorts e bermudas seriam uma afronta) e mulheres, de vestidos e saias até os tornozelos.

Por outro lado, a falta de parâmetros pode nos levar à permissividade ou ao desregramento. É imperativo, portanto, considerar o princípio paulino do bom-senso: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm” (1 Co 7:12). Antes de tudo, é preciso questionar-se sobre o que pode ou não ferir a fé.

Andando em novidade de vida
“…assim também andemos nós em novidade de vida” (Rm 6:4)

A expressão “andar em novidade de vida” exprime a ideia de continuidade, de processo contínuo. Essa é a essência da vida cristã.

Desde a nossa conversão ao Caminho, somos desafiados a ir abandonando todas as coisas que são (ou podem se constituir potenciais) empecilhos à maturidade cristã. Isso significa que existem costumes, práticas e interesses que devem ser substituídos, ao mesmo tempo em que outras coisas são circunstanciais, o que significa que abandoná-las (ou não) vai depender de cada pessoa.

Andar em novidade vida é normalmente paulatino. Não se pode exigir que a pessoa que acabou de aceitar a palavra seja transformada como num passe de mágica. Tampouco é aceitável que as más características sejam preservadas. A mudança precisa acontecer (2 Co 5:17). E isso envolve a ação do poder de Deus sobre a vida do crente, mas principalmente a própria vontade deste (Mt 11:12).

Conclusão: mudar é preciso!


A mudança é um processo. Assim como o ciclo da vida, nossa mudança acontece gradativamente, dia a dia. A velocidade vai depender do indivíduo, de suas experiências, de suas peculiaridades. Ainda que lentamente, ela precisa acontecer.

Se você acredita que a mudança já aconteceu em você, pense mais um pouco. Afinal, todo dia é dia de mudança. Todo dia é dia de andar em novidade de vida.

Deus abençoe!

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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 09/04/2017.
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