domingo, 24 de fevereiro de 2019

O evangelho da conveniência


“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Rm 1:16 NVI)

O que é o Evangelho para você? Existem algumas definições comumente aceitas para o termo. A mais conhecida, sem dúvida, é a que diz que “o Evangelho é a boa nova da salvação”, ou simplesmente “Boas Novas”. Há ainda aquela, digamos, menos etimológica e mais objetiva, que diz ser o Evangelho “um estilo de vida”, por estilo entenda-se aquele defendido e vivido por Jesus Cristo.

Talvez o que você queria realmente não era a pura e simples definição, mas o que o Evangelho representa, em termos práticos, para a vida da pessoa. Nesse caso, para grande parte da população crente, o Evangelho representa esperança: esperança de uma vida no porvir, esperança de salvação, esperança de ser aceito por Deus (e pelas outras pessoas), esperança de perdão, esperança de (re)conciliação, esperança de uma vida melhor, esperança de cura e libertação; há aqueles que veem o Evangelho como uma espécie de “rota de fuga”: fuga dos problemas, fuga das indesejáveis companhias, fuga das (ir)responsabilidades; fuga do pecado suas consequências, fuga da realidade; tem ainda aqueles que recebem o Evangelho como uma grande oportunidade: oportunidade de crescimento, oportunidade de (re)conhecimento, oportunidade de serviço, oportunidade de descobrir talentos e habilidades, oportunidade de relacionamento, oportunidade de ganho ou de lucro...

O Evangelho segundo a minha conveniência

Quem viveu o Evangelho nos últimos vinte ou trinta anos deve ter observado as principais mudanças e adaptações que ocorreram nesse tempo. Embora muitas dessas mudanças tenham sido normais e necessárias, algumas foram marcadas pela visão egoística e individualista, tão comum em nossos dias.

E como as pessoas, em geral, veem o Evangelho nos dias de hoje?

Primeiramente, o que se tem visto é uma legião de crentes ávidos por realização pessoal, tendo o Evangelho como ponte ou ferramenta para suprir as próprias necessidades. São pessoas que ainda não entenderam que o Evangelho não é sobre ser servido, mas sobre o quanto estamos dispostos a servir uns aos outros.

“Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de vocês. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.” (Mt 20:26-28 NTLH)

O Evangelho para essas pessoas se assemelha àquelas lojas de conveniência, comumente encontradas em postos de gasolina, rodoviárias e aeroportos. As pessoas entram, comem, bebem, servem-se e saem da mesma forma que entraram. Fazendo uma analogia com as nossas igrejas, seria como se a pessoa entrasse, sentasse, levantasse a mão e dissesse: “Pastor (ou irmão), traz uma bênção geladíssima!”.

Usando a mesma figura da loja de conveniência, o crente certifica-se de pegar apenas aquilo que lhe interessa, que lhe é importante. Em termos práticos, é como a pessoa que vai ao culto, mas só gosta do “momento do louvor”, ou ainda aquele que, nas igrejas que adotam esse modelo, não gosta do “culto de celebração”, mas ama a reunião da célula.

Outros veem o Evangelho como um lugar de “descarrego” (qualquer semelhança com alguma igreja por aí não é mera coincidência!): procuram-no para aliviar seus problemas e, quando não conseguem, saem decepcionados.

O Evangelho é o poder de Deus

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Rm 1:16 NVI)

Concordamos que no Evangelho também encontramos cura para nossas feridas, sejam elas no corpo ou na alma; que o Evangelho dessedenta aquele que se encontra em sequidão e pode saciar a fome (muitas vezes de comida mesmo); que o Evangelho pode ser a solução para os problemas relacionais e sentimentais de muitos; que no Evangelho o indivíduo encontra resposta para suas questões, inclusive existenciais.

Porém, mais importante do que isso, o Evangelho é o poder de Deus! É a grande oportunidade que o homem tem de servir a Deus e aos outros.

Você não vai, provavelmente, encontrar no Evangelho todas as respostas para suas questões, tampouco solução para todos os seus problemas; da mesma forma, nem todas as pessoas ao seu redor estarão dispostas a servi-lo(a). O Evangelho não se propõe a isso, mas é a ferramenta que Deus usa para salvar a todo aquele que assim deseja, todo aquele que reconhece que precisa de Deus.
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 19/11/2017.

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