sexta-feira, 20 de maio de 2016

Maria: um arquétipo de mãe



Mas o anjo lhe disse: "Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim". (Lc 1: 30-33)

A figura materna é, sem dúvida, daquelas carregadas de coisas boas e, portanto, de boas lembranças, cujos adjetivos nos remetem a amor, afeto, carinho, dedicação, comprometimento, e por aí vai.

Ao ler esta mensagem, é muito provável que você esteja pensando nos ensinamentos passados por sua mãe, no preço pago por ela para criá-lo/a, no tempo dedicado, aí incluídas as noites mal (não) dormidas, nas infindáveis orações em seu favor...

Porque mãe é assim mesmo: como se fosse o próprio Deus encarnado em mulher.

Dos inúmeros exemplos de mães bíblicas, uma desponta como a figura ímpar da mãe daquele que salvaria o mundo.

O chamado de Maria

Os evangelhos relatam assim o chamado de Maria:

No sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galileia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria. O anjo, aproximando-se dela, disse: "Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você!" Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. (Lc 1:26-29)
Ao ler esse registro, bem como a sua sequência, nem sempre nos damos conta do que, realmente, significava aquele chamamento e, por tabela, o que significaria para Maria aquela gravidez.

A missão de Maria

Primeiramente, há que se considerar as implicações práticas de uma mulher engravidar naquele tempo e, mais especificamente, naqueles domínios. Em nossos dias, a gravidez é normal, sendo comum até mesmo entre mulheres solteiras e adolescentes.

Ali, apesar do domínio ser romano, a cultura é judaica, onde a figura feminina era vista com certa reserva; em contrapartida, o homem é visto com proeminência.

No texto acima, fica claro que Maria ainda era “prometida” (noiva) de José. Engravidar antes do casamento ia de encontro com a cultura e a Lei judaicas. Por outro lado, José, sabendo que não era o genitor, poderia negar-se a casar com ela (veja Mt 1:19). Consequentemente, ela seria vista como uma pecadora, sendo merecedora da pena de morte por apedrejamento (Dt 22:13-21).

...ela será levada à porta da casa do seu pai e ali os homens da sua cidade a apedrejarão até a morte. Ela cometeu um ato vergonhoso em Israel, prostituindo-se enquanto estava na casa de seu pai. Eliminem o mal do meio de vocês. (Dt 22:21)
Maria aceita a missão

Mesmo em meio a tantas objeções e sabendo das implicações, após a explicação do anjo, Maria decide aceitar a missão:

Respondeu Maria: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra". Então o anjo a deixou. (Lc 1:38)
A exemplo de Maria, ser mãe é aceitar uma missão. Uma missão árdua, mas gratificante.

Mulheres que não nasceram para ser mãe

Infelizmente, tem uma legião de mulheres que veem na maternidade uma espécie de castigo, a ponto de se absterem dessa condição. Algumas, pelas alterações físicas que o corpo passa. Outras, pelas responsabilidades típicas de mãe.

Mas o pior grupo mesmo é o daquelas que veem na missão de ser mãe apenas o papel de genitora, legando a outros a melhor parte dessa missão. Quantos recém-nascidos são abandonados ao relento, em latas de lixo ou em portas de casas, Brasil afora? Quantos filhos são criados e educados pelos avós, porque as mães não quiseram se dar o trabalho?

Conclusão: Maria, de mãe a discípula

Ainda tem outro aspecto da disponibilidade de Maria: ela aceitou a missão mesmo sabendo que, no final das contas, o filho não seria seu, mas do próprio Deus.

Apesar de os evangelhos silenciarem em boa parte da vida de Jesus (o último relato do Senhor com a família é encontrado em Lc 2:41-52, quando ele tinha 12 anos), pelo fato de Maria estar presente no momento da crucificação (Jo 19:25) e nos primórdios da igreja (At 1:14), é sabido que a mesma passou a ser discípula (seguidora) do Mestre.

A despeito de alguns grupos religiosos (Católicos, principalmente) atribuírem à Maria de Nazaré a coparticipação no plano de salvação, elevando-a até mesmo à deidade, sabemos que se trata apenas de um grande exemplo de mulher, que aceitou o chamado de Deus para dar à luz o Filho de Deus.

Maria é modelo de mãe, de mãe abnegada, dedicada, apaixonada pela missão que lhe é dada; é modelo de serva, que se dispõe para ser usada por Deus para cumprir o seu fiel propósito (Lc 1:38); é modelo de discípula, que se submete ao senhorio daquele a quem dera à luz, por saber se tratar do Salvador, o próprio Filho de Deus, sendo ele mesmo Deus.
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  • ·         Os textos bíblicos usados são da Bíblia On Line, disponível em http://www.bibliaon.com/
  • ·         Para saber mais sobre o papel e a condição da mulher nos tempos de Jesus, leia o artigo “Jesus e as mulheres: a mulher nos evangelhos sinóticos”, disponível em http://www.abiblia.org/ver.php?id=1623&id_autor=66&id_utente=&caso=artigos
  • ·         Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 08/05/2016, durante o culto em homenagem ao dia das mães.


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