sábado, 30 de abril de 2011

Eternos Devedores

"E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento. Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz." (Lc 7:37-50)

Quando falamos em dívida, estamos na verdade fazendo referência a algo muito corriqueiro na vida da maioria das pessoas – e isso se aplica também aos crentes.
Comprar compulsivamente é sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo. A doença tem até nome: oniomania, aquele que necessita comprar assim como o dependente químico necessita da droga. O desejo incontrolável de gastar tem tratamento: inclui acompanhamento psicológico e medicação. Mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda.
Além da oniomania, existe o TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo (ou OCD – Obsessive-Compulsive Disorder, em inglês), doença em que o indivíduo sofre de idéias e/ou comportamentos que podem parecer absurdas ou ridículas para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes. Dentre os vários tipos de TOC, encontramos o colecionismo. Existe até uma série com o nome “Obsessivos Compulsivos” no canal de TV por assinatura A&E, que apresenta casos reais de vítimas do transtorno, inclusive dos casos relacionados com tema colecionismo.
De acordo com o site Endividadowww.endividado.com.bro maior problema daqueles que entram na ciranda das dívidas é o fato de que, em geral, nos fixamos muito no “eu quero”, sem considerar o “eu posso”. Ou seja, costumamos contrair dívidas acima de nossa capacidade de pagamento. Outro erro é não contar com os imprevistos (doença, divórcio, desemprego etc.). Jesus disse: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo” (Mt 6:34), mas isso não significa que devemos ser irresponsáveis com aquilo que temos. Precisamos trabalhar com possibilidades.

O próprio apóstolo Paulo se considerava devedor: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma.” Rm 1.14-15
Simão e a mulher pecadora:
Temos nesta história duas personagens bem distintas:
Simão
Mulher
·    Era fariseu (dedicação à religião, respeito);
·    Era dono da casa;
·    Era o promotor da festa;
·    Tinha o direito de estar lá;
·    Agia discretamente e de maneira polida.
·    Era pecadora (prostituta);
·    Tinha uma péssima reputação;
·    Provavelmente não foi convidada;
·    Fez um escândalo diante dos presentes.
Do ponto de vista dos presentes, a grande diferença entre ambos era definida pelo pecado que se via (ou não) em suas vidas.
Aos olhos de Jesus os contrastes continuam, mas pela sua explicação percebemos que os papéis de herói e vilão se invertem:
Simão
Mulher
·    Não deu ósculo (beijo) em Jesus;
·    Não lavou os pés de Jesus, nem mandou seus servos fazê-lo;
·    Não ungiu a Jesus com óleo;
·    Não se via como pecador.
·    Não cessava de beijar seus pés;
·    Regou os pés de Jesus com suas lágrimas e enxugou com seus cabelos;
·    Desperdiçou um perfume caríssimo para ungir a Jesus;
·    Demonstrou-se pecadora em todo momento.
Do ponto de vista de Jesus, a grande diferença entre ambos era definida pelo amor e gratidão que se via (ou não) em suas vidas.
E a diferença vista por Jesus anulava a diferença vista pelos homens, pois as acusações de pecado que podiam sustentar contra aquela mulher foram removidas pelo perdão de Deus estendido a ela.
Dívida de gratidão:
Falando especificamente sobre o texto de Lucas, no episódio que se passou na casa de Simão, o fariseu, observamos que a experiência é uma ilustração prática de nossa dívida de gratidão com o Senhor.
Jesus não estava medindo a “ficha corrida” de cada um, e nem dizendo sobre o tanto de pecados que cada um tinha aos olhos de Deus. Quando Cristo fala de dívida menor e maior, de muitos e poucos pecados, Ele está, na verdade, falando da forma como cada um via a si mesmo!
Todos temos uma dívida impagável diante de Deus. Independentemente de quem sejamos, do que fazemos, de como somos vistos pela sociedade, pela nossa família, pelos nossos colegas de trabalho ou pelos nossos amigos.
Paulo diz aos Romanos: "Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer." Rm 3.8-12
Nenhum de nós pode se orgulhar de nada. Ninguém pode discutir sobre quem é mais pecador ou sobre quem merece a atenção e a justificação de Deus.
Não é o Senhor que nos vê como “mais pecadores” ou “menos pecadores” e sim nós mesmos.
E você, como se vê diante do Senhor? Como você mensura seus pecados diante dele?
Conclusão:
Não importa o que você fez diante de Deus. Não importa o que venha a fazer. Tudo o que você fizer pra Deus, ainda é insuficiente diante de tudo o que ele fez por você.
“E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” (Ap 4.9-12)
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Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 27/03/2011.
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