domingo, 31 de outubro de 2010

Qual a sua identidade?

Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje. Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres, de que são testemunhas o sumo sacerdote e todos os anciãos. Destes, recebi cartas para os irmãos; e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos. Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor de mim. Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues. (At 22:3-8 - Apóstolo Paulo, quando se defendia perante o povo romano, antes de ser levado ao Sinédrio)


A identidade é uma espécie de distintivo de uma pessoa. Isso significa que ela é muito mais do que um simples documento, que indica determinadas características de um indivíduo, como nome, data de nascimento, naturalidade e filiação. O termo identidade, em sentido lato, abarca um sem-número de elementos, que vão desde as simples características físicas, passando por gostos e preferências, até traços da personalidade. Na comparação com os documentos, seria como se reuníssemos todos aqueles usualmente aceitos (Certidão de Nascimento/Casamento, RG, CPF, CTPS, CNH, PIS, Título Eleitoral, Passaporte, Certificados etc.) em um único documento, acrescido de outras tantas informações pessoais não disponíveis em documentos tradicionais.

A IDENTIDADE DO CRENTE

Cada indivíduo, grupo, organização, instituição, povo ou nação, tem a sua identidade. Se pensarmos na igreja como povo ou instituição, chagaremos à conclusão de que existem traços típicos da cultura da igreja, como: linguagem, costumes, regras, princípios, objetivos etc. Enquanto indivíduo, cada crente possui um conjunto de particularidades, aí incluídas aquelas consideradas singulares.

Isto posto, como poderíamos definir a identidade da igreja de Cristo? Quais as características comuns a todo crente? Vejamos alguns distintivos da igreja cristã:

Deus – A História mostra que os povos escolhem ou adotam os seus próprios deuses. No caso da igreja cristã, é bem diferente: foi o próprio Deus que a escolheu e a adotou (Rm 8:15; Gl 4:4-5; Ef 1:5). Vale lembrar aos leitores desavisados que o verdadeiro Deus jamais aceitou ser confundido com outros deuses, o que inclui o culto a supostas representações divinas, como imagens de escultura e/ou gravuras, o que vulgarmente conhecemos como idolatria. Adorar, louvar, venerar - ou seja lá qual for o verbo que você use - imagens, pessoas ou objetos só servem para despertar a repulsa do Criador (Êx 20:3; 23:13; Jz 10:13; Jr 44:8).

– Alguém poderá protestar que todo mundo tem fé. Mas, a referência é à fé preconizada em Hb 11:1, ou seja, acreditar naquilo em que não se pode ver, mais especificamente, no Deus Soberano, o Criador de todas as coisas.

Bíblia – Por muito tempo, os crentes foram identificados apenas pela expressão “povo do livro”, e, individualmente, o crente era chamado “bíblia” ou “homem-bíblia”. Não é preciso dizer que esses adjetivos foram aplicados com o sentido pejorativo. Hoje, a Palavra de Deus (Hb 4:12; 2 Tm 3:16) é usada até mesmo por grupos que, antes, questionavam sua inspiração divina. Outros, que antes duvidavam de sua historicidade, estão vendo a História e a Ciência confirmarem aquilo que nela está registrado.

Jesus Cristo – O grande diferencial entre a igreja e os demais grupos, que juram ter fé em Deus e acreditar e usar a Bíblia, é a pessoa do unigênito de Deus: Jesus Cristo. Os crentes acreditam que foi o próprio Jesus Cristo quem fundou a igreja, baseados em Mt 16:13-19. Além de ser o Senhor da igreja, Cristo também é o seu Redentor (Ef 1:5-7) e Salvador (apesar de crermos que ele morreu por todos os homens) (At 2:36).

Batismo – É considerado o sacramento que marca o ingresso do crente na comunidade da igreja, sendo ainda a representação do sepultamento do velho homem e o nascimento do novo homem, a partir do arrependimento dos pecados (At 2:38). Aliás, o termo batismo é a transliteração do grego "βαπτισμω" (baptismō) para o latim (baptismus), que significa “mergulho”, “imersão”.

Santa Ceia
– Outro dos principais sacramentos da igreja, foi instituída pelo próprio Cristo, durante o que ficou conhecido como “A Última Ceia”, horas antes de ser preso pelos soldados romanos a pedido dos líderes religiosos judeus de seu tempo. O pano de fundo para a Última Ceia foi a festa da Páscoa, comemorada anualmente pelos judeus, no primeiro mês do ano (nisan ou abibe), que incluía um jantar em família (Seder – a ceia), cujos principais elementos eram o pão sem fermento ou asmo (matsá), o vinho, ervas amargas (maror), e o cordeiro. A Páscoa judaica (ou Pessach) foi instituída com o fim de servir de memorial da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito e do livramento do Anjo Vingador (Êx 12). Da mesma forma, a Ceia é um memorial da libertação da escravidão do pecado e do inimigo e da redenção através do Cordeiro de Deus (Mt 26:17-30).

PERDENDO A IDENTIDADE

Você já deve ter ouvido falar que determinada pessoa “perdeu sua identidade”. Isso acontece quando deixamos de manifestar ou evidenciar alguma característica até então peculiar. Só que, muitas vezes, essa “perda de identidade” não significa exatamente que perdemos tal peculiaridade, mas sim que agregamos ou revelamos outras; ou, pior ainda, quando aquilo que evidenciávamos não passava do que podemos chamar de “identidade aparente” (apenas uma maneira mais polida para “falsa identidade”).

CRISE DE IDENTIDADE

Pior do que a perda de identidade, ou do que a identidade aparente, é a crise de identidade. Uma coisa é a pessoa “virar a casaca” espiritualmente, passando a servir ao diabo, ou ainda passar-se por cordeiro; outra, bem diferente, é a adoção de uma posição dúbia aos olhos dos outros (e a seus próprios olhos também) com relação a Deus. Tais pessoas ainda não estão certas quando ao lado que estão, em que time jogam. Para eles, o texto de Ap 3:15-16 se aplica perfeitamente: não são frios nem quentes.

CONCLUSÃO


Nestes tempos, os crentes estão sendo desafiados a mostrar a sua cara. A evidenciar a sua identidade, sem medo. Estranhamente, com a popularização da fé, ficou mais difícil diferenciar aqueles que, de fato, são de Deus dos que não são.


__________________________________
Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária, em 03/10/2010, por ocasião da celebração da Ceia do Senhor.



Links usados:

Powered By Blogger

Postagens populares

Seguidores do O Mensageiro

Pesquisar este blog

Translate

Notícias - O Verbo