domingo, 26 de março de 2017

Tal pai...


"Mas nós tínhamos que celebrar a volta deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado." (Lc 15:32 NVI)

A alegoria contada por Jesus, conhecida popularmente como Parábola do Filho Pródigo (Lc 15:11-32), é daquelas estórias que, ao mesmo tempo, despertam curiosidade, surpresa e comoção. O enredo é digno até mesmo de produção cinematográfica: um pai tinha dois filhos, e o mais novo, inesperadamente, pede para que sua parte da herança fosse lhe dada, pois estava resoluto em sair de casa e viver por conta própria.

É muito provável que você já a tenha lido incontáveis vezes, ou ainda ouvido inúmeras pregações tendo como base a parábola. Seguramente, a temática apresentada em grande parte dos sermões foi aquela que tem o filho mais novo como protagonista, tal como a parábola apresenta.

Entretanto, como é sabido, a narrativa bíblica é de uma riqueza incomensurável, que nos permite uma vasta gama de ensinamentos e aplicações. Desta feita, gostaria de enfocar outro personagem: o pai.

O pai mentor
O mais novo disse ao seu pai: “Pai, quero a minha parte da herança”. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. (Lc 15:12)

A primeira coisa que merece destaque está relacionada à atitude do pai no momento da emancipação. Sabemos que o pai da parábola personifica o próprio Deus. Quando o filho mais novo pede ao pai para sair de casa, não percebemos nenhuma demonstração de resistência do progenitor. Para o senso-comum, os pais precisam exercer o controle sobre os filhos com certo grau de força, coerção ou até mesmo rigidez. Estranhamente, essa não é a pedagogia de Deus Pai.

O Pai celeste nos ensina que a grande missão de nós, pais, não passa por exercer controle exacerbado sobre nossos filhos, mas de conduzi-los com amor, sempre deixando claro o resultado ou consequências de suas escolhas. O amor não aprisiona. Ao contrário, ele mesmo nos provê de asas.
Essa é a função de um mentor: mostrar o caminho, as opções; incentivar as boas escolhas, sem, contudo, assumir o papel daquele que está sendo ensinado; ensinar pelo exemplo.

O pai intercessor
…correu para seu filho, e o abraçou e beijou. (Lc 15:20)

Saindo da literalidade, para o leitor bíblico é importante perceber o que está nas entrelinhas. Apesar de que o texto, entre o momento em que o filho mais novo sai de casa e o momento em que resolve retornar, não menciona o pai, considerando a reação deste ao avistar seu filho ao longe, podemos imaginar um pai diuturnamente orando e chorando, suplicando pelo seu filho.

O pai intercessor é também incansável, que não desiste diante até mesmo das impossibilidades. É essa posição que o Pai celeste quer que tenhamos como pais terrenos, sabendo que a intercessão dos pais pode reverter a situação e operar verdadeiros milagres.

O pai perdoador
A seguir, levantou-se e foi para seu pai. Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou. (Lc 15:20)

É comum, após uma falha de nossos filhos, assumirmos uma posição de inquiridor, de juiz, ou ainda de um carrasco pronto para aplicar a punição ao transgressor. Com isso, o que estamos plantando? Que outro sentimento poderíamos produzir, senão indignação, revolta ou ódio?

O Pai eterno, invariavelmente, trata-nos com compaixão, com amor, mesmo após uma atitude ou escolha errada que façamos. Ele não está pronto a nos condenar ou a descarregar sobre nós toda a sua ira. Pelo contrário, ele nos perdoa, e de nosso pecado não se lembra mais (Jr 31:34).

Os pais terrenos precisam aprender a ser perdoadores como o Pai do céu, não jogando em rosto os erros e transgressões dos filhos.

O pai protetor
Mas o pai disse aos seus servos: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. (Lc 15:22)

Além da receptividade, a atitude de pedir que o filho desertor, agora em regresso, fosse vestido com roupas novas e calçado demonstra o caráter protetor de nosso Pai. Na narrativa bíblica, fica implícito que o filho retornava maltrapilho e, provavelmente, descalço.

Nesses tempos em que os filhos, ao alcançarem a maioridade, desejam ardentemente a emancipação, torna-se cada vez maior a necessidade de os pais terrenos assumirem seu papel protetor, provando que o melhor lugar para o filho ainda é sob a guarda dos pais.

Pais espirituais

Da mesma forma que o Pai celeste outorgou aos pais terrenos a tarefa de assumirem a missão de mentores, intercessores, perdoadores e protetores, os líderes também recebem o encargo de assim o fazerem por seus liderados e discípulos, sabendo que passam a ser corresponsáveis pela formação do caráter dos cristãos sob sua liderança.

** Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 14/08/2016, e na Igreja de Cristo Renovo, em 21/08/2016.

·* Textos bíblicos extraídos da versão NVI.
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