quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Cuida da tua vinha


1 Rs 21:1-14

Acabe foi um daqueles reis que não têm muito boas histórias para contar. Como o sétimo rei de Israel (o chamado Israel Setentrional ou Reino do Norte, que tinha a cidade de Samaria como capital), Acabe foi casado com Jezabel, princesa fenícia, filha de Etbaal, rei dos sidônios (1 Rs 16:31).

O registro bíblico do reinado de Acabe está no livro de 1 Reis, entre os capítulos 16 e 22. Seu reinado foi de muitas conquistas para Israel, durante vinte e dois anos. Porém, o seu reinado pode ser resumido nos seguintes versos bíblicos:

Acabe, filho de Onri, fez o que o Senhor reprova, mais do que qualquer outro antes dele. (1 Rs 16:30 NVI)

Nunca existiu ninguém como Acabe que, pressionado por sua mulher Jezabel, vendeu-se para fazer o que o Senhor reprova.  Ele se comportou da maneira mais detestável possível, indo atrás de ídolos, como faziam os amorreus, que o Senhor tinha expulsado de diante de Israel. (1 Rs 21:26 NVI)

A vinha de Nabote

O texto bíblico descreve Nabote como sendo um israelita da cidade de Jezreel, dono de uma vinha, que ficava ao lado do palácio do rei Acabe, em Samaria. A vinha era herança da família de Nabote (1 Rs 21:3).

Sendo a vinha vizinha ao seu palácio, Acabe pediu que Nabote lhe desse para ser usada como horta. Em troca, o rei daria a Nabote outra ainda melhor, ou então o valor que este lhe pedisse.

Em resposta, Nabote não mostra o menor interesse em negociar a sua vinha, argumentando se tratar de herança familiar. Isso fez com que o rei ficasse indignado, e até deixasse de comer.

Vale ressaltar que Nabote estava amparado pela lei mosaica, que assegurava a manutenção da propriedade pela família (Lv 25:23-28; Nm 36:7-8).

Jezabel: uma mulher manipuladora

É neste ínterim que entra em cena a pessoa da rainha Jezabel. Como arquétipo de mulher dominadora, sendo nos dias de hoje até sinônimo de “mulher promíscua”, “prostituta”, “idólatra” etc., Jezabel (cujo nome significa “Baal exulta” ou “esposa de Baal”), ao saber o motivo da tristeza de seu rei, provocou: “É assim que você age como rei de Israel? Levante-se e coma! Anime-se! Conseguirei para você a vinha de Naboe, de Jezreel” (1 Rs 21:7). Em outras palavras, a rainha estava dizendo: “Deixa comigo!”.

Usando o selo real, Jezabel enviou cartas para os anciãos e aos nobres da cidade de Nabote, ordenando que se apregoasse um jejum e trouxesse Nabote para a frente do povo. Diante dele, deveriam sentar-se dois homens vadios (malignos), para que testemunhassem falsamente contra Nabote. As acusações seriam: blasfêmias contra Deus e contra o rei. Depois disso, o “infrator” deveria ser apedrejado.

Veja que se tratava de uma ordem real (as cartas, apesar de terem Jezabel como autora, foram lacradas com o sinete do rei Acabe). Os homens a cumpriram. A vinha de Nabote agora não tinha mais dono, passando para o domínio do rei.

Cuida da tua vinha, rega a tua grama

Há uma frase retirada de uma postagem nas redes sociais, que diz:

“Se a grama do vizinho parece mais verde, talvez você esteja olhando demais para a dele e deixando de regar a sua.”

Não há nenhum problema em olhar a “grama” ou a “vinha” do vizinho. O problema surge quando esse “olhar” é com cobiça. Outro problema resultante pode ser que o indivíduo fique ocupado demais com as coisas do outro, esquecendo-se de cuidar das suas.

A sua vinha talvez seja a sua própria família. É comum preocuparmo-nos demasiadamente com a família dos outros, ao passo que não cuidamos da nossa própria. Temos o olhar clínico para os “defeitos” dos filhos de outros irmãos, mas passam desapercebidas as “mancadas” dos nossos.

A sua vinha pode ser a sua vida profissional. Passamos muito tempo atentando para os problemas profissionais alheios, sem atentar para as nossas próprias lacunas profissionais. Isso inclui deixar de correr atrás dos nossos sonhos (e fazê-los verdade), para tentar matar os sonhos de outrem.

A sua vinha pode ser o seu ministério. A vida ministerial é um dos aspectos mais observados pelos outros. Isso porque seria a parte, digamos, mais visível. Nosso trabalho no reino deve sempre ser “para o reino”, como sendo fruto do amor que temos pela obra. A palavra alerta sobre o perigo de fazer a obra de Deus de qualquer maneira (Jr 48:10).

Conclusão

Em consequência da cobiça de Acabe, o profeta Elias proferiu a sua condenação: teria a sua descendência exterminada (1 Rs 21:21-24; 22:38; 2 Rs 1:17).

Que tal cuidar da nossa própria vinha!

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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 12/03/2017.
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