terça-feira, 30 de setembro de 2014

O poder da palavra

Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar. (Ec 3:1,7 - NVI)

Você já parou para pensar no poder que têm as palavras? Uma palavra dita a seu tempo pode produzir efeitos impressionantes e transformadores na vida de quem a recebe. Por outro lado, quando não oportuna, a palavra pode desencadear até mesmo a ruína de uma pessoa, ou ainda marcar para sempre aquela pessoa, produzindo dores para o resto de sua vida.
Você acredita que uma palavra pode mudar a vida de uma pessoa? Você já recebeu uma palavra de alguém (boa ou má) que o fez mudar de atitude? O que é pior: ouvir uma palavra doce, mas enganosa, ou receber uma palavra dura, mas verdadeira?
O poder da palavra: bênção ou maldição
As palavras podem ser um divisor de águas na vida de uma pessoa. Na época dos patriarcas, a bênção paterna exercia um poder impressionante sobre a vida dos filhos. Tomemos o exemplo de Jacó, que, orientado pela mãe, montou um estratagema para conquistar as palavras de bênção que eram destinadas a Esaú (Gn 27:1-35). A bênção proferida por Isaque sobre Jacó foi assim:
“Que Deus lhe conceda do céu o orvalho e da terra a riqueza, com muito cereal e muito vinho. Que as nações o sirvam e os povos se curvem diante de você. Seja senhor dos seus irmãos, e curvem-se diante de você os filhos de sua mãe. Malditos sejam os que o amaldiçoarem e benditos sejam os que o abençoarem.” (Gn 27:28-29 – NVI)
Eles levavam tão a sério esse negócio de bênção, que após perceber a besteira que havia feito (Gn 25:29-34), Esaú tentou a todo custo conseguir ao menos uma palavra de bênção de seu pai Isaque (Gn 27:34-40).
Outro episódio na vida de Jacó que podemos citar diz respeito ao momento em que este fugia de seu tio Labão. Ao atravessar o rio Jaboque, à noite, se viu lutando com um homem. No momento em que percebeu se tratar de um mensageiro de Deus, Jacó o segurou e declarou que só o largaria depois que o homem (anjo) o abençoasse (Gn 32:22-30).
Há ainda o caso memorável do profeta Balaão, que foi contratado pelo rei moabita Balaque para que proferisse palavras de maldição contra seu inimigo Israel. Como sabia que Israel era um povo abençoado por Deus, Balaque entendia que somente um homem de Deus poderia desferir palavras amaldiçoadoras sobre o povo (Nm 22:1 – 24:1-9)
“Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe naquela época, enviou mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor, que estava em Petor, perto do Eufrates, em sua terra natal. A mensagem de Balaque dizia: ‘Um povo que saiu do Egito cobre a face da terra e se estabeleceu perto de mim. Venha agora lançar uma maldição contra ele, pois é forte demais para mim. Talvez então eu tenha condições de derrotá-lo e de expulsá-lo da terra. Pois sei que aquele que você abençoa é abençoado, e aquele que você amaldiçoa é amaldiçoado’.” (Nm 22:4-6 – NVI)
Na primeira tentativa de maldição a Israel, sobre o primeiro monte, veja o que saiu da boca de Balaão:
“Então Balaão pronunciou este oráculo: Balaque trouxe-me de Arã, o rei de Moabe buscou-me nas montanhas do orien­te. ‘Venha, amaldiçoe a Jacó para mim’, disse ele, ‘venha, pronuncie ameaças contra Israel!’ Como posso amaldiçoara quem Deus não amaldiçoou? Como posso pronunciar ameaças contra quem o Senhor não quis ameaçar? Dos cumes rochosos eu os vejo, dos montes eu os avisto. Vejo um povo que vive separado e não se considera como qualquer nação. Quem pode contar o pó de Jacó ou o número da quarta parte de Israel? Morra eu a morte dos justos, e seja o meu fim como o deles!” (Nm 23:7-10 – NVI)
Como não deu certo, Balaque levou Balaão a outro monte, mas novamente o que saiu foi bênção:
“Então ele pronunciou este oráculo: Levante-se, Balaque, e ouça-me; escute-me, filho de Zipor. Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir? Recebi uma ordem para abençoar; ele abençoou, e não o posso mudar. Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O Senhor, o seu Deus, está com eles; o brado de aclamação do Rei está no meio deles. Deus os está trazendo do Egito; eles têm a força do boi selvagem. Não há magia que possa contra Jacó, nem encantamento contra Israel. Agora se dirá de Jacó e de Israel: ‘Vejam o que Deus tem feito!’ O povo se levanta como leoa; levanta-se como o leão, que não se deita até que devore a sua presa e beba o sangue das suas vítimas.” (Nm 23:18-24 – NVI)
Novamente, Balaque levou Balaão ao terceiro monte, e ele disse por fim:
“…e ele pronunciou este oráculo: Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra daquele cujos olhos vêem claramente, palavra daquele que ouve as palavras de Deus, daquele que vê a visão que vem do Todo-poderoso, daquele que cai prostrado e vê com clareza: Quão belas são as suas tendas, ó Jacó, as suas habitações, ó Israel! Como vales estendem-se, como jardins que margeiam rios, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto às águas. Seus reservatórios de água transbordarão; suas lavouras serão bem irrigadas. O seu rei será maior do que Agague; o seu reino será exaltado. Deus os está trazendo do Egito; eles têm a força do boi selvagem. Devoram nações inimigas e despedaçam seus ossos; com suas flechas os atravessam. Como o leão e a leoa eles se abaixam e se deitam, quem ousará despertá-los? Sejam abençoados os que os abençoarem, e amaldiçoados os que os amaldiçoarem!” (Nm 24:3-9 – NVI)
Ainda em nossos dias, pais e mães continuam a proferir palavras maléficas sobre seus filhos. Quando aborrecidos por alguma circunstância, ou ainda quando a situação não é favorável, destilam maldições e infortúnios contra os próprios filhos, na maioria das vezes sem se aperceber do efeito que aquelas palavras produzirão.
Palavra na Palavra
Vejamos o que diz o livro dos Provérbios sobre a palavra:
“A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv 12:25). Quando estamos aflitos e acometidos de solicitude, as palavras dos amigos podem servir de alento para a nossa alma.
“O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é!” (Pv 15:23). Uma palavra dada no tempo oportuno pode fazer toda a diferença.
“Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv 16:24). As palavras certas são tão importantes para a alma daquele que as ouve quanto o remédio, para o corpo do doente.
“Como beijo nos lábios, é a resposta com palavras retas” (Pv 24:26). Como um beijo apaixonado na pessoa que amamos: assim é a resposta que damos quando selecionamos sabiamente as palavras antes de falar.
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1). Quantas vezes evitamos uma discussão por usar as palavras certas? Quantos problemas e ressentimentos poderiam ser evitados se soubéssemos como falar?
Conclusão
As palavras podem ser proferidas com a melhor das intenções, mas, antes de liberá-las, precisamos considerar a pessoa que vai receber. A mesma palavra pode produzir efeitos edificantes ou destrutivos, dependendo do momento ou da condição em que a pessoa se encontre. Lembre-se: tem horas, que o melhor mesmo é ficar calado: “Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência.” (Pv 17:27)

* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 16/03/2014.
* Todas as referências bíblicas citadas foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net), versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA), excetuando-se aquelas cuja tradução for citada, como a Nova Versão Internacional (NVI) ou Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).
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