terça-feira, 30 de junho de 2015

Meu herói



Cinge a espada no teu flanco, herói; cinge a tua glória e a tua majestade! (Sl 45:3)

O que é um herói?

No imaginário popular, um herói é um salvador; na arte do HQ, um indivíduo dotado de poderes especiais, cuja missão é salvar a humanidade. Nessa segunda definição, o herói seria o mocinho, que combate os bandidos e infratores em geral.

Em épocas remotas, inclusive no tempo bíblico, os heróis eram os melhores guerreiros, legítimos representantes de um povo ou exército, que no período do império romano recebiam a alcunha de “campeões”.

Alguns exemplos de heróis na Bíblia:
·         Davi e Golias (1 Sm 17:51);
·         Benaia, filho de Joiada (2 Sm 23:20);
·         Naamã, comandante do exército do rei da Síria (2 Rs 5:1).

Há muito tempo, os heróis das histórias em quadrinhos também são retratados na televisão e no cinema. Ultimamente, grandes produções cinematográficas baseadas em super-heróis ganharam espaço, atraindo milhões de fãs e simpatizantes para as salas do mundo todo.

No dia-a-dia, tomamos conhecimento de inúmeros heróis – reais –, que se notabilizam por feitos admiráveis, como: salvamentos, resgates, socorros. Nessa lista, são incluídos policiais, socorristas, bombeiros, salva-vidas, sem esquecer os anônimos, que também ganham notoriedade por seus feitos inusitados.

Apesar disso, o bom-senso diz que não devemos querer passar por heróis, afinal, pode estar em jogo nossa própria vida. A Bíblia também corrobora:

Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade. (Pv 16:32)

Mesmo sabendo que no meio cristão existe um sem-número de heróis (pastores, evangelistas, missionários, líderes, conselheiros, intercessores etc.), não temos a pretensão de sermos vistos como tais. E isso tem um bom motivo: já temos o nosso herói! Sobre Ele, o profeta Isaías falou, cerca de 7 séculos antes (Is 53).

Jesus Cristo é o verdadeiro herói, não somente do povo cristão, mas de toda a humanidade, porque morreu por todos nós:

Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. (2 Co 5:14-15)

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* Palavra de reflexão ministrada durante reunião com os jovens e adolescentes da Igreja de Cristo Missionária - ICM, 31/01/2015.

domingo, 31 de maio de 2015

Ser cristão

"Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus." (Ef 2:19 NVI)

O que é ser cristão? Se alguém lhe abordasse na rua para uma entrevista ou pesquisa sobre o significado do termo “cristão”, o que você responderia? Quais os critérios que você pode elencar para que uma pessoa seja considerada cristã?

De acordo com dados estatísticos recentes, o Brasil ocupa o terceiro lugar dentre os 60 países onde vivem mais cristãos (o termo originalmente usado é “protestante”), com 42,3 milhões de adeptos (o que representa 22,2% da população, perdendo apenas para os EUA (162,6 milhões, 51%) e Reino Unido (44,7 milhões, 74%).

Outra estatística mostra que o Brasil é considerado o segundo maior país em número de cristãos do mundo, com 175,7 milhões (o que equivale a 90,2% da população). Importante salientar que, neste caso específico, o termo “cristão” engloba tanto evangélicos quanto católicos.

Por que Cristão?
 

Você já se perguntou por que somos chamados cristãos? A partir de que momento os que professam a fé no Filho de Deus foram identificados dessa forma?

Crente, evangélico, protestante, irmão… São diversas as formas de tratamento do povo de Deus. Isso sem falar nos adjetivos, digamos, mais pejorativas. Ao longo da História, os fiéis receberam diferentes nominações.

Sobre o termo cristão, é sabido que os seguidores de Jesus de Nazaré receberam pela primeira vez essa alcunha na antiga cidade de Antioquia da Síria (atual Antakya, localizada no Sudeste da Turquia). De acordo com o relato do livro de Atos, Paulo e Barnabé estiveram por um ano ensinando os irmãos daquela cidade. Foi nessa cidade que os discípulos de Jesus receberam pela primeira vez a identificação de cristãos (At 11:26).

O termo cristão (do grego christianoi, do latim christianus), cujo significado original é “seguidores/adeptos de Cristo” ou “discípulos de Cristo”, aparece apenas três vezes no Novo Testamento (At 11:26; 26:28; 1 Pe 4:16). Em nenhum deles encontramos evidências de que o termo tenha sido atribuído com o sentido depreciativo, como querem sugerir alguns. Vale destacar que existe outro termo usado pelos judeus, esse sim com sentido pejorativo: nazarenos (At 24:5). O título faz referência à cidade de Nazaré, que tinha uma péssima reputação entre os judeus (Jo 1:46).

Os judeus ainda usavam outro título para os discípulos de Jesus, identificando-os como uma seita, uma ameaça: O Caminho (At 9:2; 19:9,23; 24:14,22).

Cristãos nominais


Além de não concordarmos com a atribuição indiscriminada do título cristão (uma vez que Cristo mesmo é o Caminho para Deus – Jo 14:6, dispensando, portanto, a “ajudinha” de “santos” de toda espécie, nem ao menos de Maria, como a teologia católica defende), a despeito ainda do aumento considerável do número de cristãos no país, é cada vez maior o número dos chamados “cristãos nominais”.

A Igreja Evangélica brasileira está cada vez mais caracterizada por uma legião de “frequentadores de igrejas”. Tanto aqueles que vão a uma igreja aos domingos, apenas por tradição e/ou influência da família, assim como os que escolheram o “nomadismo crente” (não estabelecem raízes, mas vivem de igreja em igreja) podem fazer parte do grupo dos “nominais”.

Os sem-igreja (“desigrejados”)


E o que dizer daqueles que são conhecidos exatamente por... não frequentar a igreja? Ora, se não é salutar ir à igreja de vez em quando, apenas por falta de opção, quanto mais é optar por não ir a igreja. Os adeptos dessa prática sugerem que podem ser crentes em casa, que podem servir a Deus sem precisar frequentar igrejas, que as igrejas estão cheias de pessoas falsas, que os líderes são dominadores e manipuladores, que existem muitas regras, etc., etc., etc.

Na realidade, há que se considerar que há muito as igrejas deixaram de ser apenas um lugar de comunhão para ser um lugar de conflitos de toda espécie; que passaram a mais afugentar membros do que a atrair potenciais irmãos; que se transformaram em verdadeiros “comércios da bênção”, através dos ideais da teologia da prosperidade, ao invés de simplesmente pregar o Evangelho da graça.

Entrementes, todos esses argumentos não invalidam a necessidade da reunião dos fiéis em torno de um objetivo comum: adorar a Deus e exercitar a capacidade de criar e manter relacionamentos. Isso é aderente ao que foi registrado pelo escritor de Hebreus:

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.” (Hb 10:25 NVI)

Conclusão


O verdadeiro cristão está muito além de um mero frequentador de igreja; tampouco é cristão o que optou por não frequentá-la. A simples prática de boas obras também não faz de você um cristão genuíno, muito menos o fato de estar ligado a uma família cristã.

O cristão autêntico é aquele que entregou sua vida, verdadeiramente, a Jesus, crendo que Ele é o Filho de Deus, enviado por este para a remissão dos nossos pecados, que foi morto na cruz e que ressuscitou ao terceiro dia; é aquele que foi impactado pelo novo nascimento, promovido pelo Espírito Santo (J0 3:3); é aquele que se tornou um filho de Deus, por adoção (Rm 8:15; Jo 1:12), pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo (Ef 2:8).

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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 18/01/2015.

Sites consultados:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantes_por_país
www.cps.fgv.br/cps/bd/rel3/REN_texto_FGV_CPS_Neri.pdf
http://noticias.gospelprime.com.br/brasil-e-o-segundo-maior-pais-em-numero-de-cristaos-do-mundo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/História_do_cristianismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antioquia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antakya
http://www.gotquestions.org/Portugues/que-Cristao.html
http://www.cacp.org.br/o-nome-cristao-e-pagao/

quinta-feira, 30 de abril de 2015

A supremacia do abraço

"Então saiu dali e voltou para a casa do pai. – Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou." (Lc 15:20 NTLH)


Um abraço é muito mais do que um cumprimento; é muito mais do que “apertar entre os braços”; vai além de um “até logo” ou de um “bem vindo”. Quando abraçamos, estamos dizendo à pessoa abraçada o que ela representa, o quanto ela é importante. O abraço é uma espécie de “declaração silenciosa”, em que aquele que abraça exalta da forma mais eloquente o ser abraçado, sem precisar rebaixar-se. Quando abraçados, portanto, sentimo-nos importantes, mas nem por isso aquele que nos abraça se torna desimportante. O abraço levanta o caído, revigora as forças do cansado, devolve a alegria há muito esquecida. O abraço é indulgente, tem o poder de reconciliar, faz-nos esquecer a incapacidade, eleva a autoestima, é capaz de curar as feridas mais profundas da alma, e, para os que creem, pode até devolver a saúde ao corpo.

Aquele Abraço
O abraço é uma linguagem universal. Os relatos bíblicos de abraço são sempre ocasiões de demonstração de carinho, afeição, reconciliação, perdão. Foi o que aconteceu quando Jacó, em sua peregrinação, chegou às terras de seu tio Labão, na Mesopotâmia. Jacó seguiu a recomendação de seu pai e foi para aquela região, com vistas a constituir família com a linhagem de seus pais, mais especificamente de sua mãe, já que Labão era irmão de Rebeca:

“Ele (Labão) ouviu as novidades a respeito do seu sobrinho e logo saiu correndo. Quando encontrou Jacó, Labão o abraçou, e beijou, e o levou para casa. Jacó lhe contou tudo o que havia acontecido.” (Gn 29:13 – NTLH)

Situação semelhante vemos no reencontro dos irmãos Jacó e Esaú, após anos de distanciamento. A atitude de Jacó de prostrar-se sete vezes, quando ia em direção ao irmão, demonstra uma honra devida a um soberano, além de cautela, uma vez que não poderia prever qual seria a reação do irmão depois de ter fugido deste:

“Porém Esaú saiu correndo ao encontro de Jacó e o abraçou; ele pôs os braços em volta do seu pescoço e o beijou. E os dois choraram.” (Gn 33:4 – NTLH)

E o que dizer daquela ocasião em que Jesus está ensinando, e seus discípulos tentam impedir algumas crianças de “atrapalhar” o Mestre (Mc 10:13-16)? O texto do evangelista diz que algumas crianças foram trazidas a presença de Jesus para que tocasse nelas. Vendo isso, os discípulos trataram de impedi-las, afinal, não parecia ser uma ocasião apropriada para a criançada, além disso, elas poderiam muito bem esperar que o Senhor terminasse seu discurso para dar-lhes atenção. Qual não foi a surpresa dos discípulos ao serem repreendidos por Jesus, que dizia ser delas o reino e que eles, portanto, era que estavam atrapalhando? Ao final, vemos o Senhor recebendo as crianças e as abençoando:

“Então Jesus abraçou as crianças e as abençoou, pondo as mãos sobre elas.” (Mc 10:16 – NTLH)

A Teologia do Abraço
Quem ama abraça, apesar de o contrário nem sempre ser verdadeiro. Tem muitos abraços que são despropositais, mera (in)formalidade ou cortesia; outros, assim como o beijo de Judas Iscariotes, instilam falsidade e traição. Mas, aquele que ama precisa usar o recurso do abraço como uma demonstração do seu amor. E essa é a essência da mensagem do Evangelho de Jesus: o amor.

Certa vez, recebi o vídeo abaixo de um amigo-irmão. Achei a mensagem tão tocante e verdadeira, que o mesmo serviu de inspiração para esta mensagem:

Conclusão
A conhecida parábola do Filho Pródigo é uma alegoria que nos mostra a reação do Pai quando, após nos distanciarmos dele, decidimos voltar para sua casa (Lc 15:11-32). Veja que Deus está dizendo que é assim mesmo que ele faz quando o homem decide voluntariamente voltar à presença Dele.

“Então saiu dali e voltou para a casa do pai. - Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou.” (Lc 15:20 – NTLH)
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 13/07/2014.
Referências:
* Todas as referências bíblicas citadas foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net), versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA), excetuando-se aquelas cuja tradução for citada.

quarta-feira, 11 de março de 2015

O cálice da bênção e o cálice da maldição: reflexões sobre 1 Coríntios 10




No texto em destaque, o recurso utilizado pelo apóstolo é o exemplo, ou mais especificamente a figura, ou tipo: o povo israelita. Várias são as ocasiões vivenciadas pelo povo, notadamente no deserto, que serviram de alerta para os cristãos, primeiramente de Corinto, e em última análise de todos os lugares. (v.11)
Sob a nuvem. O livro de Êxodo relata que os israelitas eram guiados por uma nuvem, durante o dia (Êx 13:21-22).
Pelo mar. A referencia, sem dúvida, é a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho (Êx 14:15-22), que representou, literalmente, um divisor de águas na história daquele povo, na medida em que marca a saída de debaixo da escravidão no Egito e a entrada na terra prometida.
Batizados em Moisés. Aqui temos uma referência à liderança de Moisés.
Comeram o mesmo alimento espiritual. O alimento que Paulo se refere é o maná (Êx 16:1-36), uma espécie de cereal que caía do céu e servia de alimento para o povo (Êx 16:31; Nm 11:7-9; Sl 78:24-25). Do hebraico manna (“O que?”).
Beberam da mesma bebida espiritual. O evento foi o ocorrido em Refidin, quando Moisés feriu uma rocha e dela fluiu água abundante para dessedentar o povo (Êx 17:1-7; Nm 20:1-13). Por esse motivo, Moisés deu o nome àquele lugar de Meribá (que significa “contenda” ou “discussão”). O apóstolo revela que a pedra prefigurava Cristo, a rocha eterna.
Espalhados no deserto. Moisés descreve o castigo de Deus pela reprovação de alguns israelitas (Nm 14:29,37; 26:65).
Como eles cobiçaram. Quando tiveram fome, o Senhor providenciou o alimento (maná), quando ficaram enjoados do maná, cobiçaram os manjares do Egito (Nm 11:4-6).
Não sejam idólatras. Devemos lembrar-nos do episódio ocorrido com o bezerro de ouro, que os israelitas pediram para que Arão fizesse com os bens deles, que serviu de objeto de adoração e motivo de reprovação por parte de Deus (Êx 32:1-14).
Não pratiquemos imoralidade. Diz respeito à adoração do povo a Baal-Peor, uma divindade moabita, que tinha a prostituição cultual como parte do ritual. Os israelitas, não obedecendo ao mandado do Senhor, passou a prostituir-se com as moabitas, que levaram o povo a sacrificar aos deuses pagãos (Nm 25:1-9).
Não ponhamos o Senhor à prova. Quando o povo começou a falar contra Deus e contra Moisés, reclamando da comida enviada pelo Senhor, este enviou serpentes para morderem o povo. Após o reconhecimento do povo de seu erro, Deus ordenou que Moisés fizesse uma serpente de bronze, e todo aquele que olhasse para a serpente ficaria curado (Nm 21:4-9).
Nem murmureis. No evento conhecido como “a revolta de Coré”, quando mais uma vez os israelitas se voltaram contra Moisés e Arão, resultando na morte de milhares de pessoas por uma praga, que só cessou depois que Arão intercedeu pelo povo.
Quem pensa estar em firme. Uma advertência para que o cristão não se ensoberbeça, pensando que está livre de provações e situações ruins, afinal toda tentação é humana (vv. 12,13; Rm 11:20).
Fujam da idolatria. Paulo adverte que aquele que toma parte em uma festa (seja cristã, judaica ou pagã), passa a ter comunhão com os presentes. No caso de festas pagãs, aqueles que participam passam a ter comunhão também com os demônios (vv. 20,21).
Tudo é permitido. A afirmação de Paulo parece contraditória, mas se considerarmos os pontos levantados na sequencia, concluiremos que a tônica aqui é a liberdade de escolha, tendo em vista o bom senso e o equilíbrio, desde o nosso comportamento em relação aos outros irmãos (v.24) até aquilo que nos é oferecido para comer.
Conclusão
De tudo o que o apóstolo instrui, a suma é: no final, não importa o que você faça, tudo deve ser feito para a glória de Deus. (v.31)
Portanto, a diferença básica entre o cálice da bênção e o da maldição não está, necessariamente, no cálice em si, mas naquele que o toma. Escolha o cálice da bênção!

Referências:
* Todas as referências bíblicas citadas foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net), versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA), excetuando-se aquelas cuja tradução for citada, como a Nova Versão Internacional (NVI) ou Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 01/06/2014.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Negando Jesus


Quando lemos esse episódio dos evangelhos em que o apóstolo Pedro negou o Senhor Jesus, é comum sermos acometidos por uma série de sentimentos como: indignação, admiração, revolta, decepção, surpresa… E com você não deve ser diferente. Isso é perfeitamente compreensível, se considerarmos que: Pedro foi um dos primeiros discípulos a ser chamados por Jesus (Mt 4:18-21); Pedro era um dos três discípulos que, tudo indica, eram os mais íntimos do Mestre (Mt 17:1; Mc 5:37; Mc 14:33; Lc 8:51); Pedro, ao que parece, era o discípulo com mais iniciativa, espontaneidade e ousadia, tendo muitas de suas atitudes registradas com destaque nos evangelhos (andou sobre as águas – Mt 14:28,29; foi ele quem disse que Jesus era “o Cristo, o filho do Deus vivo”, quando o Senhor questionou sobre quem eles pensavam ser ele – Mt 16:15-17; foi Pedro quem declarou: “Senhor, para quem iremos, se tu tens as palavras da vida eterna?” – Jo 6:66-68; foi Pedro quem propôs ao Senhor que não lavasse somente seus pés, mas o corpo todo – Jo 13:6-9; foi Pedro quem tomou a iniciativa de defender o Mestre, quando este foi preso pelos soldados romanos, no Getsêmani, cortando a orelha de Malco – Jo 18:10; quando Jesus previu que todos os seus discípulos o abandonariam, foi Pedro o primeiro a declarar: “ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei” – Mt 26:31-33, e depois: “mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei” – Mt 26:35).
Tu és Pedro
Esse é Pedro. Judeu arraigado aos costumes e padrões de seu povo e sua religião, seu nome de circuncisão era Simão, mas ganhou o sobrenome de Cefas (palavra aramaica para Pedro, que em grego significa “pedra”, “rocha”) (Jo 1:42). Filho de João (ou Jonas), era irmão de André, que também se tornou discípulo do Mestre, e foi por este apresentado ao Senhor (Jo 1:40-42). Assim como seu irmão, Pedro era galileu da cidade de Betsaida (“casa da pesca”, em hebraico), que ficava na margem nordeste do Mar da Galiléia, que também era chamado de Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré, mas tinha residência em Cafarnaum, também na região da Galiléia. Assim como o seu irmão, e boa parte dos demais discípulos (pelo menos a metade dos doze era formada por pescadores), Pedro era pescador por profissão, daí porque foi convidado pelo Senhor para ser “pescador de homens” (Lc 5:10). Era, de longe, o mais impulsivo, precipitado e sanguíneo dos discípulos de Jesus, talvez por esse motivo tenha se tornado um dos principais líderes da igreja em Jerusalém. Após a ascensão de Jesus ao céu, foi ele quem fez a primeira pregação, após a qual, quase três mil pessoas foram batizadas (At 2:41).
Negando Jesus
Voltamos ao momento da negação. Os evangelhos relatam que, após a prisão do Senhor, no jardim do Getsêmani, este foi levado à presença do sumo sacerdote. Nessa ocasião, Pedro de longe os seguia. Sendo abordado por circunstantes, por três vezes rebateu a acusação de fazer parte do grupo que acompanhava Jesus. Na terceira vez, após ter o galo cantado, o Mestre o fitou, e ele lembrou as palavras que previram a sua negação (Lc 22:61).
Veja que os evangelhos não informam que, nesse primeiro momento, outros discípulos tenham acompanhado o Mestre, mas apenas Pedro. Ao que parece, ele decide voluntariamente saber em que tudo aquilo daria. Não contava, porém, que alguém o reconheceria. No olhar de Jesus, Pedro parece ter ouvido o Senhor falar: “Eu o avisei, Pedro”.
Pedro: um arquétipo de cristão?
Todos aqueles sentimentos que foram mencionados no início desta mensagem, além de muitos outros que não foram citados, podem nos ocorrer. Entretanto, o apóstolo pode perfeitamente ser visto como tipificando os cristãos de nossos dias. A ideia pode não parecer muito agradável, não é mesmo?
Mas, pense um momento em suas próprias atitudes, em suas próprias respostas ao chamado do Mestre, em suas próprias desculpas diante de sua Palavra, em suas próprias justificativas quando confrontado em relação aos seus pecados. Quantas vezes você tem negado o Senhor, seja pública ou reservadamente? Você pode criticar Pedro por ter negado por três vezes o seu Senhor, mas talvez você tenha feito isso durante a sua vida inteira.
Você nega Jesus todas as vezes que tenta dar justificativas para não segui-lo; você nega Jesus sempre que decide, voluntariamente, continuar levando a mesma vida, praticando as mesmas coisas, mesmo sabendo que suas atitudes são reprováveis; você nega Jesus quando busca sempre seus próprios interesses, em detrimento dos interesses comuns dos outros irmãos; você nega Jesus sistematicamente no momento em que ignora a comunhão dos irmãos, preferindo a companhia dos “circunstantes”, mesmo sabendo que eles lhe afastarão ainda mais do Mestre; você nega Jesus quando deixa de congregar-se, acreditando que é possível “ser crente em casa” ou que “não precisa ir a igreja pra ser crente”; você nega Jesus sempre que se recusa a ser participante do grande ministério da contribuição, retendo dízimos e/ou ofertas, acreditando que “Deus não precisa do seu dinheiro, mas do seu coração”; você nega Jesus todas as vezes que escolhe fazer sua própria vontade, ignorando a vontade do Mestre; você nega Jesus quando insistentemente não considera o seu chamado, o seu ministério, as suas habilidades (dadas por Ele), preferindo fazer aquilo para o qual não foi chamado(a), ou ainda sendo um mero expectador; você nega Jesus quando não dá testemunho público e notório da obra que Deus continua fazendo em sua vida; você nega Jesus quando se recusa a compartilhar com outros a mensagem do Evangelho.
Conclusão

Neste momento, o Senhor está olhando pra você, como fez com Pedro. Ele está mirando, não o seu rosto, mas contempla o seu coração. Ele sabe, perfeitamente, e pode enumerar todas as vezes que você o negou. Mas, na realidade, o importante não é a quantidade de negativas ao Mestre. O que importa mesmo é que, no final, você possa lembrar as palavras dele e arrepender-se (Lc 22:61), reconhecendo que só Ele pode restaurar a sua vida e fazer de você um verdadeiro “pescador de almas”.
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Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 18/05/2014.
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