segunda-feira, 31 de maio de 2010

Santificação: um desafio

A santidade ou santificação não tem nada de “anormal”, transcendental ou metafísico. Como sabemos, santidade significa “separação” (mas não necessariamente de alguém ou de algo). Essa separação indica, mais precisamente, uma diferenciação, um contraponto.

Apesar de a santidade não ser “coisa do outro mundo”, não se pode considerá-la fácil de ser vivida. Todos aqueles que querem viver uma vida de santidade precisam abrir mão de muitas coisas, às vezes até mesmo de sonhos.

1. Santidade é sinônimo de mudança

“Isto, portanto, digo e no Senhor testifico, que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade de seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza dos seus corações, os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de torpeza.” (Ef 4:17-19)

Toda mudança produz certo grau (maior ou menor) de instabilidade. Até mesmo quando se trata de “mudar para melhor”. Pense, por exemplo, na mudança de casa: fazer as malas, embalar os utensílios e louças, desmontar os móveis, desfazer-se de alguns bens… Tudo isso traz transtorno e, o que é pior, não raro provoca incertezas: Como será na nova casa? Vamos nos adaptar à nova realidade? Será que a vizinhança é boa?

Todos passamos por mudanças em nossa vida. Mas, uma coisa é certa: independentemente do resultado, em geral, o processo de mudança não é agradável.

2. Santidade implica abdicação

“Mas a impudicícia, e toda sorte de impurezas, ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, nem conversação torpe, nem palavras vãs, ou chocarrices, cousas essas inconvenientes, antes, pelo contrário, ações de graça.” (Ef 5:3-4)

Abdicar é renunciar, abrir mão de algo que gostamos ou que estamos acostumados a fazer. E isso, por si só, já produz incômodo.

É interessante como nosso cérebro reage quando nos deparamos como uma situação nova. Por exemplo: talvez você seja do tipo que não sai de casa sem o relógio, ou melhor, que não tira o relógio pra nada. Pois bem, imagine que você tenha levado o relógio para o relojoeiro, com o fim de corrigir um problema específico, e que só ficará pronto na próxima semana. Nesse caso, excepcionalmente, você sai de casa sem relógio. O que vai acontecer se lhe perguntarem as horas? Provavelmente, você olhará no pulso onde usa o relógio. Isso acontece porque seu cérebro já está programado para tal atividade.

Outro exemplo: quando a pessoa tem algum problema, que precisa ser retirado ou evitado (pedra no rim, tumor, carne crescida, vício etc.), inevitavelmente essa retirada implica desconforto e até mesmo dor.

Quando aceitamos o chamado para sermos santos (“E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo” Êx 19:6; “E ser-me-eis homens santos; portanto não comereis carne despedaçada no campo; aos cães a lançareis.”Êx 22:31), começamos a nos despojar daqueles costumes que já estavam arraigados em nosso comportamento. Apesar de se tratar de coisas que reconhecemos serem erradas, haverá uma resistência natural.

3. Santidade pode representar solidão

“Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal. Ele guarda as almas dos seus santos; ele os livra das mãos dos ímpios.” (Sl 97:10)

Os cientistas sociais defendem que o ser humano é essencialmente relacional, ou seja, que foi criado para viver em sociedade (apesar de alguns animais apresentarem um grau de sinergia invejável aos olhos dos homens). Existem povos que têm uma tendência maior ao associativismo (é o caso dos brasileiros), ao passo que outros são mais reservados, individualistas, e até mesmo carrancudos (alguém aí pensou nos povos do Oriente Médio?).

Porém, o que se observa em relação a essa faceta dos seres humanos é que, em geral, a inclinação ao associativismo é mais fácil quando diz respeito a “fazer o que dá na telha”. Quer um exemplo? Convide um grupo de pessoas para uma festa. Muito provavelmente, haverá um sem-número de interessados. Se, por outro lado, você as convidar para um evento digamos mais social ou humanitário, na certa ouvirá muitos “nãos”.

A decisão pela santidade traz consigo um alto grau de solidão, menosprezo, abandono. Os outros (aqueles que não abraçarem essa causa), sentirão até mesmo aversão ao santo. Muitos o verão como “santarrão”, como se ele estivesse dizendo: “Fica onde estás, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu.” (Is 65:5).

Conclusão:

Quando Deus chamou um povo santo, ele não prometeu que seria fácil:

“Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; e para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo.” (Lv 10:9-10)

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm 12:1)

Santidade exige um preço alto, renúncia, esforço. Você está disposto a pagar esse preço?

A Deus toda glória!
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* Palestra ministrada durante a 6ª edição do Retiro Espiritual da Igreja de Cristo Missionária, realizado entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 2010, em Benevides (Sítio do Cascão), sob o tema "Sede Santos".

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