sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Negando Jesus


Quando lemos esse episódio dos evangelhos em que o apóstolo Pedro negou o Senhor Jesus, é comum sermos acometidos por uma série de sentimentos como: indignação, admiração, revolta, decepção, surpresa… E com você não deve ser diferente. Isso é perfeitamente compreensível, se considerarmos que: Pedro foi um dos primeiros discípulos a ser chamados por Jesus (Mt 4:18-21); Pedro era um dos três discípulos que, tudo indica, eram os mais íntimos do Mestre (Mt 17:1; Mc 5:37; Mc 14:33; Lc 8:51); Pedro, ao que parece, era o discípulo com mais iniciativa, espontaneidade e ousadia, tendo muitas de suas atitudes registradas com destaque nos evangelhos (andou sobre as águas – Mt 14:28,29; foi ele quem disse que Jesus era “o Cristo, o filho do Deus vivo”, quando o Senhor questionou sobre quem eles pensavam ser ele – Mt 16:15-17; foi Pedro quem declarou: “Senhor, para quem iremos, se tu tens as palavras da vida eterna?” – Jo 6:66-68; foi Pedro quem propôs ao Senhor que não lavasse somente seus pés, mas o corpo todo – Jo 13:6-9; foi Pedro quem tomou a iniciativa de defender o Mestre, quando este foi preso pelos soldados romanos, no Getsêmani, cortando a orelha de Malco – Jo 18:10; quando Jesus previu que todos os seus discípulos o abandonariam, foi Pedro o primeiro a declarar: “ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei” – Mt 26:31-33, e depois: “mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei” – Mt 26:35).
Tu és Pedro
Esse é Pedro. Judeu arraigado aos costumes e padrões de seu povo e sua religião, seu nome de circuncisão era Simão, mas ganhou o sobrenome de Cefas (palavra aramaica para Pedro, que em grego significa “pedra”, “rocha”) (Jo 1:42). Filho de João (ou Jonas), era irmão de André, que também se tornou discípulo do Mestre, e foi por este apresentado ao Senhor (Jo 1:40-42). Assim como seu irmão, Pedro era galileu da cidade de Betsaida (“casa da pesca”, em hebraico), que ficava na margem nordeste do Mar da Galiléia, que também era chamado de Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré, mas tinha residência em Cafarnaum, também na região da Galiléia. Assim como o seu irmão, e boa parte dos demais discípulos (pelo menos a metade dos doze era formada por pescadores), Pedro era pescador por profissão, daí porque foi convidado pelo Senhor para ser “pescador de homens” (Lc 5:10). Era, de longe, o mais impulsivo, precipitado e sanguíneo dos discípulos de Jesus, talvez por esse motivo tenha se tornado um dos principais líderes da igreja em Jerusalém. Após a ascensão de Jesus ao céu, foi ele quem fez a primeira pregação, após a qual, quase três mil pessoas foram batizadas (At 2:41).
Negando Jesus
Voltamos ao momento da negação. Os evangelhos relatam que, após a prisão do Senhor, no jardim do Getsêmani, este foi levado à presença do sumo sacerdote. Nessa ocasião, Pedro de longe os seguia. Sendo abordado por circunstantes, por três vezes rebateu a acusação de fazer parte do grupo que acompanhava Jesus. Na terceira vez, após ter o galo cantado, o Mestre o fitou, e ele lembrou as palavras que previram a sua negação (Lc 22:61).
Veja que os evangelhos não informam que, nesse primeiro momento, outros discípulos tenham acompanhado o Mestre, mas apenas Pedro. Ao que parece, ele decide voluntariamente saber em que tudo aquilo daria. Não contava, porém, que alguém o reconheceria. No olhar de Jesus, Pedro parece ter ouvido o Senhor falar: “Eu o avisei, Pedro”.
Pedro: um arquétipo de cristão?
Todos aqueles sentimentos que foram mencionados no início desta mensagem, além de muitos outros que não foram citados, podem nos ocorrer. Entretanto, o apóstolo pode perfeitamente ser visto como tipificando os cristãos de nossos dias. A ideia pode não parecer muito agradável, não é mesmo?
Mas, pense um momento em suas próprias atitudes, em suas próprias respostas ao chamado do Mestre, em suas próprias desculpas diante de sua Palavra, em suas próprias justificativas quando confrontado em relação aos seus pecados. Quantas vezes você tem negado o Senhor, seja pública ou reservadamente? Você pode criticar Pedro por ter negado por três vezes o seu Senhor, mas talvez você tenha feito isso durante a sua vida inteira.
Você nega Jesus todas as vezes que tenta dar justificativas para não segui-lo; você nega Jesus sempre que decide, voluntariamente, continuar levando a mesma vida, praticando as mesmas coisas, mesmo sabendo que suas atitudes são reprováveis; você nega Jesus quando busca sempre seus próprios interesses, em detrimento dos interesses comuns dos outros irmãos; você nega Jesus sistematicamente no momento em que ignora a comunhão dos irmãos, preferindo a companhia dos “circunstantes”, mesmo sabendo que eles lhe afastarão ainda mais do Mestre; você nega Jesus quando deixa de congregar-se, acreditando que é possível “ser crente em casa” ou que “não precisa ir a igreja pra ser crente”; você nega Jesus sempre que se recusa a ser participante do grande ministério da contribuição, retendo dízimos e/ou ofertas, acreditando que “Deus não precisa do seu dinheiro, mas do seu coração”; você nega Jesus todas as vezes que escolhe fazer sua própria vontade, ignorando a vontade do Mestre; você nega Jesus quando insistentemente não considera o seu chamado, o seu ministério, as suas habilidades (dadas por Ele), preferindo fazer aquilo para o qual não foi chamado(a), ou ainda sendo um mero expectador; você nega Jesus quando não dá testemunho público e notório da obra que Deus continua fazendo em sua vida; você nega Jesus quando se recusa a compartilhar com outros a mensagem do Evangelho.
Conclusão

Neste momento, o Senhor está olhando pra você, como fez com Pedro. Ele está mirando, não o seu rosto, mas contempla o seu coração. Ele sabe, perfeitamente, e pode enumerar todas as vezes que você o negou. Mas, na realidade, o importante não é a quantidade de negativas ao Mestre. O que importa mesmo é que, no final, você possa lembrar as palavras dele e arrepender-se (Lc 22:61), reconhecendo que só Ele pode restaurar a sua vida e fazer de você um verdadeiro “pescador de almas”.
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Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 18/05/2014.
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