segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Empatia, uma marca do Reino



Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles façam a vocês; pois esta é a Lei e os Profetas. (Mt 7:12 NVI)

Empatia é daquelas palavras que, como se diz, está na moda. É um termo recorrente no mundo corporativo, nas discussões acadêmicas, em debates no âmbito das instituições, nas conversas informais etc., tornando-se até mesmo um clichê.

Mas, o que entendemos por empatia?

O termo vem do grego EMPATHEIA, que significa “paixão, estado de emoção”, ou seja, estar “dentro do sentimento alheio”.

Por definição, empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente. Para a Psicologia, é o processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições e impressões, tenta compreender o comportamento do outro.

Ser empático, portanto, significa colocar-se no lugar da outra pessoa.

Simpatia x Empatia

Alguns confundem o exercício da empatia como simples simpatia (do grego simpathia, “sentir junto com a outra pessoa”). Em termos gerais, somos simpáticos quando tratamos bem os outros, quando somos agradáveis. Como no texto:

“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.” (Cl 3:12 NVI)

Apesar de a simpatia ser uma característica desejável para aqueles que vivem o evangelho (At 2:47), a empatia vai além da simpatia porque nos transporta para o mundo do outro, com as suas dores, suas frustrações, suas mazelas, seus desgostos. A empatia está presente no texto:

“Pois a lei inteira se resume em um mandamento só: Ame os outros como você ama a você mesmo” (Gl 5:14 NTLH)

Menos apatia, mais empatia

Você já deve ter-se deparado com uma pessoa apática. A apatia (do grego apatheia, “ausência de sentimento, de paixão”) é caracterizada pela insensibilidade ou indiferença diante de determinadas situações ou pessoas. A pessoa apática não se deixa envolver pela condição do outro, mantendo-se inerte, ou desinteressada. Exemplo de apatia:

“Pois o coração desse povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria” (Mt 13:15 NVI)

No Reino, não há lugar para se demonstrar apatia. A essência do Evangelho é o amor de Deus e, por tabela, o amor ao próximo. Nesse sentido, é razoável que os filhos do Reino manifestem cada vez mais empatia.

Empatia é melhor do que antipatia

Diferentemente do apático, o antipático (derivada do grego antipathia, “que é contrário ao sentimento, à paixão”) é aquela pessoa que se opõe ou que tem aversão à demonstração de sentimentos. Popularmente, sabemos que uma pessoa antipática é desagradável, incômoda, chegando até mesmo a ser odiosa.

A empatia é a linguagem do Reino. Há pessoas que plantam antipatia por onde passam. Ao contrário, o cristão empático semeia o amor, a compreensão e a amizade com quem quer que seja.

O maior exemplo de empatia

“Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte – morte de cruz.” (Fp 2:5-8 NTLH)

Que maior exemplo de “colocar-se no lugar do outro” encontramos, senão em Cristo? Jesus seria o que chamamos de personificação da empatia. Seu gesto sublime de abrir mão da sua condição de Deus e, literalmente, colocar-se no lugar de todos nós, pecadores, foi o mais autêntico exemplo de empatia.

Que tenhamos em nós esse mesmo sentimento!

Deus abençoe!
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 24/09/2017.
* Referências terminológicas: www.origemdapalavra.com.br


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Não vou desistir



“O meu espírito desanima; o meu coração está em pânico.” (Sl 143:4)

É bem provável que todos já tenham passado, pelo menos uma vez, por alguma situação ou circunstância em que a saída mais plausível parecia ser a desistência de tudo, que a melhor coisa a fazer seria “jogar a toalha”.

Tem horas que a dor parece insuportável, que a solidão parece ser a melhor companhia, que os melhores amigos faltam, que a família deixa de ser um “porto seguro”, que a alegria dá lugar à completa tristeza, que não temos mais força para lutar…

Quantos sonhos foram abandonados, porque deixamos de acreditar neles? Quantos planos aparentemente promissores e boas ideias foram esquecidos? Quantas vezes, em nossa jornada, somos convencidos a mudar de rumo ou mesmo a voltar atrás?

Mesmo que não tenhamos tido a experiência ou enfrentado problemas da magnitude deles, a trajetória de muitos personagens bíblicos (alguns deles até anônimos) tem muito a nos ensinar.

Lutando contra a multidão (Mc 5:21-34)

Você já deve ter lido um sem-número de vezes e ouvido pelo menos uma vintena de vezes sobre a história da mulher-com-fluxo-de-sangue: havia doze anos que ela sofria da doença, já tinha gastado todos os recursos possíveis e prováveis, recorrera a inúmeros médicos (talvez até mesmo a práticas desaconselháveis, como a feitiçaria), sua situação só se agravava…

Num belo dia, ela ouve falar de Jesus, que ele estaria de passagem por ali. Decidiu, naquele momento, que seria a sua grande oportunidade. Mas havia um problema: entre ela e Jesus estava uma multidão, fazendo uma espécie de “cordão de segurança”. Ela então disse “não” para seu próprio orgulho e lutou contra a multidão, o suficiente apenas para alcançar a orla das vestes dele. Pronto! Naquele momento, cessava o fluxo, e os doze anos de sofrimento.

Vencendo as oposições (Lc 18:35-43)

E o que dizer de outro anônimo, identificado como Bartimeu (Mc 10:46), que, além de mendigo, era cego? Não encontramos nos textos bíblicos nada mais a respeito de seu problema, se se tratava de uma doença adquirida ou de nascença. O fato era que o mesmo jazia à beira do caminho, pedindo esmola, tendo sido, provavelmente, ignorado pelos familiares, se é que tinha algum…

É sabido que, quando desprovidos de um dos sentidos ou órgão, acabamos por aguçar a percepção de outro sentido ou órgão, para compensar. Ora, se Bartimeu não podia ver, ainda dispunha de sua audição e da fala. Ouvindo o murmúrio de uma multidão passando, quis saber o que estava acontecendo. Quando disseram que era Jesus de Nazaré quem passava, não poupou fôlego, gritando pela ajuda do Mestre. Só que algumas pessoas simplesmente se incomodaram e pediram para que o indigente se calasse. Mesmo sob o protesto de seus opositores, Bartimeu continuou a chamar por Jesus, até que foi atendido.

Passando por cima dos obstáculos (Lc 19:1-10)

Esse outro personagem pode ser considerado um pouco mais popular. Talvez sua popularidade se deva, unicamente, ao fato de o mesmo ser um cobrador de impostos (publicano, para usar o termo tradicional), o que quer dizer que estamos nos referindo a uma figura pública, por definição. Entretanto, a reputação dos profissionais da sua estirpe era afetada por, pelo menos, dois fatores: primeiramente, os publicanos eram funcionários do governo romano, que tiravam o dinheiro suado dos judeus para enriquecer os cofres do império; segundo, porque extorquiam em proveito próprio, sobretaxando os impostos para garantir o seu “quinhão”. Vale destacar que aqui não temos apenas um publicano. Zaqueu era uma espécie de chefe da categoria (Lc 19:2).

Zaqueu não tinha, pelo que se sabe, nenhuma doença, nenhuma anomalia, que Jesus pudesse curar. Apesar disso, ele precisava ver o Mestre. Mas, a exemplo da nossa primeira personagem, havia uma multidão que o impedia de chegar ao seu objetivo. Há um detalhe aqui a ser considerado: alguns podem argumentar que a multidão seria o problema de Zaqueu, mas veja que o problema estava nele mesmo – sua baixa estatura. É comum, diante de uma dificuldade, querermos identificar na “multidão” o problema, quando na verdade está em nós mesmos. Uma vez reconhecida a sua limitação, Zaqueu procurou uma árvore para escalar e, enfim, conseguir o que desejava.

Conclusão

Desistir é uma opção, uma via, um caminho a ser trilhado. Cabe unicamente a você escolher por continuar sua jornada ou abortá-la. Não culpe “a multidão” pelos seus insucessos. Reconheça suas limitações a concentre seus esforços para minimizá-las. Lembre-se que a multidão poderá fazer de tudo para impedi-lo, mas a decisão é sua.
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 09/07/2018.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Deus está presente




Mt 8:23-27

De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia. (Mt 8:24 NVI)

A frase que intitula esta mensagem pode parecer um tanto óbvia. Afinal, como parte da natureza do Criador, temos o atributo da onipresença, o que significa que Ele está em todo lugar.

Mas veja que este não é o ponto. O sentido aqui não é aquele apresentado pelo Salmo 139, de forma tão eloquente. No cântico davídico, o Senhor é apresentado como aquele de quem não é possível se esconder; onde quer que vamos, lá Ele vai estar; até mesmo no abismo o Eterno nos visitará.

Deus está presente na bonança (Jo 2:1-11)

No início de seu ministério, Jesus se fez presente em um casamento, na cidade de Caná da Galiléia. Poucas ocasiões são tão festivas do que um casamento, não é mesmo? Agora imagine um casamento judaico, tradicionalmente celebrado durante sete dias! (Isso talvez explique a razão de ter escasseado o vinho).

No clímax da festa, o vinho acaba. A mãe de Jesus, que também havia sido convidada para as bodas, recorre ao Mestre para informá-lo do problema. Após uma resposta à sua mãe, de que ainda não era “a sua hora”, Jesus “inaugura” o seu ministério de milagres, transformando água em vinho. Em seu relato, João informa esse ter sido o primeiro sinal milagroso do Senhor, acrescentando que o mesmo manifestou a glória do Filho de Deus, fazendo com que seus discípulos cressem nele (Jo 2:11).

O Senhor estará presente em seus bons momentos, mas é necessário que você o convide (Jo 2:2). Isso será decisivo, quando em situações que parecerem sair do controle, quando a alegria começar a escassear, quando a sua “festa” der sinais de querer findar  (“acabar o vinho”, Jo 2:3).

Deus está presente na tormenta (Mt 8:23-27)

No relato do Evangelho escrito pelo então publicano, um pouco depois de seu primeiro grande discurso, o Mestre resolve entrar em um barco, o que faz com que seus discípulos o seguissem. Em dado momento, começa uma tempestade tão impetuosa que os discípulos têm a impressão de que vão naufragar. De repente, alguém se lembra do Senhor e, quando vão procurá-lo, o encontram... dormindo.

Podemos conjecturar o que teria passado pela cabeça dos discípulos naquele momento: mesmo com o Senhor no meio deles, eles estavam achando que iriam morrer! Que azar o deles, não?

Esse evento nos faz refletir sobre a falsa impressão que alguns crentes tendem a ter quando se trata de passar por “tormentas”. Muitos chegam a acreditar que, se o Senhor está presente, não haverá tormenta, as atribulações não virão, a crise não se instaurará.

Mas, infelizmente (ou felizmente!), as tormentas também acontecem na vida daqueles que creem, na vida daqueles que têm o Senhor como Deus. E, nesse caso, a presença de Deus faz toda a diferença.

Conclusão: Deus está presente até mesmo na morte (Jo 11:21,32)

Deus está presente! Ele está presente em seus momentos de alegria, de júbilo, mas também se fará presente nas tempestades da sua vida, na hora da dor, do sofrimento, da perda, do revés financeiro.

No evento envolvendo a morte do amigo Lázaro, Jesus não estava presente. Ao chegar à casa da família, a primeira coisa que as irmãs Marta e Maria falam é: “Se o Senhor estivesse aqui meu irmão não teria morrido”. Alguns cristãos dos dias de hoje talvez pensem da mesma forma que as irmãs de Lázaro. Mas, a presença do Senhor não significa ausência da morte, na medida em que todos estão destinados a esse fim.

O Senhor estará presente com você, em todos os momentos, em toda ocasião, seja ela boa ou não, seja na bonança ou na tormenta, na alegria ou na tristeza, até mesmo na morte.

É por esse motivo que o nome dele é Emanuel, o Deus que está presente, o Deus Conosco!
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 14/05/2017.

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