sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Não vou desistir



“O meu espírito desanima; o meu coração está em pânico.” (Sl 143:4)

É bem provável que todos já tenham passado, pelo menos uma vez, por alguma situação ou circunstância em que a saída mais plausível parecia ser a desistência de tudo, que a melhor coisa a fazer seria “jogar a toalha”.

Tem horas que a dor parece insuportável, que a solidão parece ser a melhor companhia, que os melhores amigos faltam, que a família deixa de ser um “porto seguro”, que a alegria dá lugar à completa tristeza, que não temos mais força para lutar…

Quantos sonhos foram abandonados, porque deixamos de acreditar neles? Quantos planos aparentemente promissores e boas ideias foram esquecidos? Quantas vezes, em nossa jornada, somos convencidos a mudar de rumo ou mesmo a voltar atrás?

Mesmo que não tenhamos tido a experiência ou enfrentado problemas da magnitude deles, a trajetória de muitos personagens bíblicos (alguns deles até anônimos) tem muito a nos ensinar.

Lutando contra a multidão (Mc 5:21-34)

Você já deve ter lido um sem-número de vezes e ouvido pelo menos uma vintena de vezes sobre a história da mulher-com-fluxo-de-sangue: havia doze anos que ela sofria da doença, já tinha gastado todos os recursos possíveis e prováveis, recorrera a inúmeros médicos (talvez até mesmo a práticas desaconselháveis, como a feitiçaria), sua situação só se agravava…

Num belo dia, ela ouve falar de Jesus, que ele estaria de passagem por ali. Decidiu, naquele momento, que seria a sua grande oportunidade. Mas havia um problema: entre ela e Jesus estava uma multidão, fazendo uma espécie de “cordão de segurança”. Ela então disse “não” para seu próprio orgulho e lutou contra a multidão, o suficiente apenas para alcançar a orla das vestes dele. Pronto! Naquele momento, cessava o fluxo, e os doze anos de sofrimento.

Vencendo as oposições (Lc 18:35-43)

E o que dizer de outro anônimo, identificado como Bartimeu (Mc 10:46), que, além de mendigo, era cego? Não encontramos nos textos bíblicos nada mais a respeito de seu problema, se se tratava de uma doença adquirida ou de nascença. O fato era que o mesmo jazia à beira do caminho, pedindo esmola, tendo sido, provavelmente, ignorado pelos familiares, se é que tinha algum…

É sabido que, quando desprovidos de um dos sentidos ou órgão, acabamos por aguçar a percepção de outro sentido ou órgão, para compensar. Ora, se Bartimeu não podia ver, ainda dispunha de sua audição e da fala. Ouvindo o murmúrio de uma multidão passando, quis saber o que estava acontecendo. Quando disseram que era Jesus de Nazaré quem passava, não poupou fôlego, gritando pela ajuda do Mestre. Só que algumas pessoas simplesmente se incomodaram e pediram para que o indigente se calasse. Mesmo sob o protesto de seus opositores, Bartimeu continuou a chamar por Jesus, até que foi atendido.

Passando por cima dos obstáculos (Lc 19:1-10)

Esse outro personagem pode ser considerado um pouco mais popular. Talvez sua popularidade se deva, unicamente, ao fato de o mesmo ser um cobrador de impostos (publicano, para usar o termo tradicional), o que quer dizer que estamos nos referindo a uma figura pública, por definição. Entretanto, a reputação dos profissionais da sua estirpe era afetada por, pelo menos, dois fatores: primeiramente, os publicanos eram funcionários do governo romano, que tiravam o dinheiro suado dos judeus para enriquecer os cofres do império; segundo, porque extorquiam em proveito próprio, sobretaxando os impostos para garantir o seu “quinhão”. Vale destacar que aqui não temos apenas um publicano. Zaqueu era uma espécie de chefe da categoria (Lc 19:2).

Zaqueu não tinha, pelo que se sabe, nenhuma doença, nenhuma anomalia, que Jesus pudesse curar. Apesar disso, ele precisava ver o Mestre. Mas, a exemplo da nossa primeira personagem, havia uma multidão que o impedia de chegar ao seu objetivo. Há um detalhe aqui a ser considerado: alguns podem argumentar que a multidão seria o problema de Zaqueu, mas veja que o problema estava nele mesmo – sua baixa estatura. É comum, diante de uma dificuldade, querermos identificar na “multidão” o problema, quando na verdade está em nós mesmos. Uma vez reconhecida a sua limitação, Zaqueu procurou uma árvore para escalar e, enfim, conseguir o que desejava.

Conclusão

Desistir é uma opção, uma via, um caminho a ser trilhado. Cabe unicamente a você escolher por continuar sua jornada ou abortá-la. Não culpe “a multidão” pelos seus insucessos. Reconheça suas limitações a concentre seus esforços para minimizá-las. Lembre-se que a multidão poderá fazer de tudo para impedi-lo, mas a decisão é sua.
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* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 09/07/2018.
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