quarta-feira, 27 de maio de 2009

Eu Sou Radical!

O Radicalismo, do ponto de vista político e filosófico, pode ser definido como uma doutrina reformista que defende o uso das ações extremas visando à transformação completa e imediata da sociedade. Tal conceito teve origem entre o final do século XVIII e início do século XIX, durante da Revolução Francesa[1].

Por causa dessa definição, um sem-número de indivíduos tem declarado publicamente sua aversão a tudo o que implique radicalismo, que seja relativo a radical, extremo, entendendo ser sinônimo de absurdo e, portanto, inaceitável.

Mas, vamos à raiz da questão: De acordo com o Oxford English Dictionary, o termo radical tem origem na palavra latina “radix” (raiz)[2]. Portanto, etimologicamente falando, dizer que alguém é radical implica que essa pessoa está ligada à raiz, aos fundamentos, aos princípios. Radical é aquilo que está ligado à raiz ou que é relativo à raiz[3].

Jesus, um pregador radical

O evento narrado pelo evangelista João (2:13-17) – no qual, após a entrada de Jesus em Jerusalém, no período que antecedia a festa da Páscoa, o Mestre expulsou os cambistas que comerciavam no templo e pôs para fora os animais que ali se encontravam – pode ser considerado como exemplo de atitude radical. Há quem considere (os agnósticos, por exemplo) até mesmo um ato de fraqueza de Jesus. Outros afirmam, categoricamente, que o Cristo teria se excedido, chicoteando os cambistas que estavam no âmbito do templo. Ora, não lemos em nenhum momento que Jesus teria surrado os presentes, mas derribado suas mesas, afugentado seus animais e espalhado seu dinheiro. Se tivesse feito assim, não seria o Filho de Deus.

Outros defendem que o Senhor teria pecado pelo simples fato de ter-se irado. Agora responda: ira é pecado? Antes de responder, leia Gl 5:20 e Ef 4:26. No primeiro texto, encontramos a ira como sendo uma das obras da carne e, portanto, uma modalidade de pecado. No segundo, Paulo é enfático: “irai-vos e não pequeis”. O profeta Naum vai mais além, ao dizer que “o Senhor é vingador e cheio de ira” (1:2). Por conseguinte, não podemos classificar qualquer ira em pecado.

Sou radical! E daí?

Na parábola do semeador (Mt 13:3-8), Jesus fala que uma parte da semente caiu em solo rochoso e logo nasceu, mas secou com a mesma rapidez quando veio o sol, “porque não tinha raiz” (13:6). O cristão precisa ser radical; precisa estar ligado às suas raízes, aos princípios da fé, senão, fatalmente, irá “secar”. Não podemos ficar temerosos de assumir uma posição extremamente (ou radicalmente) ortodoxa, se isso soar um tanto atrasado para os outros. Isso não significa que você deve sair espancando pessoas que não professam a mesma fé, tampouco provocando briga com tais pessoas, como fazem os cristãos da Irlanda do Norte.

Ser radical continua sendo, como no princípio, condenar o pecado, protestar contra as injustiças, detestar o mal.

Conclusão: superficial ou radical

Atualmente, a grande questão não é ser cristão, mas decidir se vai assumir uma posição de cristão radical ou superficial. Estranhamente, a primeira situação é muito incômoda, tanto para o cristão quanto para os outros. Daí porque muitos a evitam.

E você, já decidiu o que vai escolher? Vai assumir sua posição de crente radical ou vai continuar vivendo na superficialidade?

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* Mensagem proferida na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 26/04/2009.

Referências:
[1] Wikipédia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Radicalismo [acessado em 24/04/2009].
[2] “Stephen Jay Gould – O que significa ser radical?” (Richard C. Lewontin e Richard Levins). Disponível em: http://resistir.info/mreview/stephen_jay_gould.html. [acessado em 24/04/2009].
[3] "radical", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2009, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx?pal=radical [acessado em 26/04/2009].
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