“Não me envergonho
do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Rm 1:16 NVI)
O que é o Evangelho para você? Existem algumas definições comumente aceitas
para o termo. A mais conhecida, sem dúvida, é a que diz que “o Evangelho é a boa nova da salvação”,
ou simplesmente “Boas Novas”. Há
ainda aquela, digamos, menos etimológica e mais objetiva, que diz ser o
Evangelho “um estilo de vida”, por estilo entenda-se aquele defendido e
vivido por Jesus Cristo.
Talvez o que você queria
realmente não era a pura e simples definição, mas o que o Evangelho representa,
em termos práticos, para a vida da pessoa. Nesse caso, para grande parte da
população crente, o Evangelho representa esperança: esperança de uma vida no
porvir, esperança de salvação, esperança de ser aceito por Deus (e pelas outras
pessoas), esperança de perdão, esperança de (re)conciliação, esperança de uma
vida melhor, esperança de cura e libertação; há aqueles que veem o Evangelho
como uma espécie de “rota de fuga”: fuga dos problemas, fuga das indesejáveis
companhias, fuga das (ir)responsabilidades; fuga do pecado suas consequências,
fuga da realidade; tem ainda aqueles que recebem o Evangelho como uma grande
oportunidade: oportunidade de crescimento, oportunidade de (re)conhecimento,
oportunidade de serviço, oportunidade de descobrir talentos e habilidades, oportunidade
de relacionamento, oportunidade de ganho ou de lucro...
O Evangelho segundo a minha
conveniência
Quem viveu o Evangelho nos
últimos vinte ou trinta anos deve ter observado as principais mudanças e
adaptações que ocorreram nesse tempo. Embora muitas dessas mudanças tenham sido
normais e necessárias, algumas foram marcadas pela visão egoística e
individualista, tão comum em nossos dias.
E como as pessoas, em geral, veem
o Evangelho nos dias de hoje?
Primeiramente, o que se tem visto
é uma legião de crentes ávidos por realização pessoal, tendo o Evangelho como
ponte ou ferramenta para suprir as próprias necessidades. São pessoas que ainda
não entenderam que o Evangelho não é
sobre ser servido, mas sobre o quanto estamos dispostos a servir uns aos outros.
“Mas entre vocês não pode ser
assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem
quiser ser o primeiro, que seja o escravo de vocês. Porque até o Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita
gente.” (Mt 20:26-28 NTLH)
O Evangelho para essas pessoas se
assemelha àquelas lojas de conveniência, comumente encontradas em postos de
gasolina, rodoviárias e aeroportos. As pessoas entram, comem, bebem, servem-se
e saem da mesma forma que entraram. Fazendo uma analogia com as nossas igrejas,
seria como se a pessoa entrasse, sentasse, levantasse a mão e dissesse: “Pastor
(ou irmão), traz uma bênção geladíssima!”.
Usando a mesma figura da loja de
conveniência, o crente certifica-se de pegar apenas aquilo que lhe interessa,
que lhe é importante. Em termos práticos, é como a pessoa que vai ao culto, mas
só gosta do “momento do louvor”, ou ainda aquele que, nas igrejas que adotam
esse modelo, não gosta do “culto de celebração”, mas ama a reunião da célula.
Outros veem o Evangelho como um
lugar de “descarrego” (qualquer semelhança com alguma igreja por aí não é mera
coincidência!): procuram-no para aliviar seus problemas e, quando não
conseguem, saem decepcionados.
O Evangelho é o poder de Deus
“Não me envergonho
do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Rm 1:16 NVI)
Concordamos que no Evangelho
também encontramos cura para nossas feridas, sejam elas no corpo ou na alma;
que o Evangelho dessedenta aquele que se encontra em sequidão e pode saciar a
fome (muitas vezes de comida mesmo); que o Evangelho pode ser a solução para os
problemas relacionais e sentimentais de muitos; que no Evangelho o indivíduo
encontra resposta para suas questões, inclusive existenciais.
Porém, mais importante do que
isso, o Evangelho é o poder de Deus! É a
grande oportunidade que o homem tem de servir a Deus e aos outros.
Você não vai, provavelmente,
encontrar no Evangelho todas as respostas para suas questões, tampouco solução
para todos os seus problemas; da mesma forma, nem todas as pessoas ao seu redor
estarão dispostas a servi-lo(a). O
Evangelho não se propõe a isso, mas é
a ferramenta que Deus usa para salvar a todo aquele que assim deseja, todo
aquele que reconhece que precisa de Deus.
_____________________________
* Mensagem pregada na Igreja de
Cristo Missionária – ICM, em 19/11/2017.