Mas
um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o
viu, teve piedade dele. (Lc 10:33 NVI)
Sabemos que
as parábolas de Jesus, contadas ao longo dos quatro evangelhos, são apenas
alegorias, usadas pelo Mestre para repassar seus ensinamentos sobre o Reino aos
discípulos e ouvintes em geral.
Na Parábola
conhecida como “do Bom Samaritano”, o Senhor responde à provocação de um
estudioso da Lei Mosaica, sobre como herdar a vida eterna. (Lc 10:25-37)
O maior mandamento
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se
para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: Mestre, o que preciso fazer para herdar
a vida eterna? O que está escrito na Lei? Respondeu Jesus. Como você a lê?
(Lc 10:25-26 NVI)
Veja que a
pergunta formulada pelo estudioso (escriba) parece oriunda de uma pessoa
realmente interessada em ouvir as verdades de Deus. Sem dúvida, foi aquilo que
chamamos de “uma ótima pergunta”. A resposta do Mestre deveria estar à altura.
Mas, repare que o Senhor se exime de respondê-la. Ao contrário, Jesus devolve o
desafio, pedindo para o próprio intérprete da Lei fazê-lo:
Ele respondeu: Ame o Senhor, o seu Deus, de
todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu
entendimento e ame o seu próximo como a si mesmo. (Lc 10:27 NVI)
Algumas
pessoas, tentando justificar o fato de não aceitarem a Palavra de Deus, acabam
por dizer que “a Bíblia é muito complexa”, que seus ensinamentos “não se
destinam ao nosso tempo”, que “a Bíblia é retrógrada”, que “os mandamentos são
impraticáveis”, que “o texto bíblico é preconceituoso, machista e xenofóbico”,
etc.
Se é esse o
problema, que tal entender todos os mandamentos de Deus resumidos em apenas
dois: amar a Deus sobre todas as coisas
e amar ao próximo como a si mesmo?
Quem é o meu próximo?
Essa foi a
pergunta do insatisfeito estudioso da lei, quando ouviu Jesus dizer que este
havia respondido corretamente e que deveria fazer o mesmo.
A partir da
indagação, o Senhor passa a contar a parábola, que é protagonizada por um homem
que fora assaltado e espancado, a caminho de Jericó. Na estória, o moribundo é
visto por mais três personagens: um sacerdote, um levita e um samaritano, sendo
que apenas o último se dispôs a ajudá-lo. Ao final do relato, Jesus questiona o
estudioso:
Qual destes três você acha que foi o próximo
do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? Aquele que teve misericórdia dele,
respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: Vá e faça o mesmo. (Lc 10:36-37
NVI)
Interessante
é que o Mestre não pergunta: “de qual dos três o homem foi o próximo?”, mas
“qual destes três… foi o próximo?”. A questão não é exatamente quem é o meu
próximo, mas se eu sou o próximo de alguém.
Você é bom samaritano ou um mau cristão?
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada
um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um
levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um
samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o
viu, teve piedade dele. (Lc 10:31-33 NVI)
Fazendo uma
aplicação para os nossos dias, quem seriam o sacerdote e o levita? E o
samaritano?
Se a análise
fosse com relação ao tempo de Jesus, poderíamos dizer que os sacerdotes e
levitas representavam a nata do povo judeu, ou os indivíduos mais reputados.
Quanto ao samaritano... bem, era um samaritano (uma espécie de “judeu
meio-sangue”, ou “quase-judeu”, ou ainda “um estrangeiro querendo ser judeu”).
E nos nossos
dias? Grosso modo, o levita e o sacerdote da parábola podem ser equiparados aos
líderes religiosos mais piedosos; ao passo que o samaritano, digamos que seria
um modelo de “não-crente” ou “não-religioso”.
Em outras
palavras, Jesus estaria afirmando que o cuidado e a misericórdia vem de quem menos
se espera; que os judeus/cristãos estão deixando a desejar nos aspectos mais
elementares da fé, como o cuidado com os outros.
Conclusão
O que o
Senhor espera de mim? Pergunte-se a si mesmo.
No final das
contas, o importante não é “quem é o meu próximo”, mas “se eu sou o próximo de
alguém”. Deus nos chamou também para cuidarmos uns dos outros. Essa é a
linguagem do Reino: o amor.
E você? Qual
caminho vai escolher?
____________________________________
* Mensagem
pregada na Igreja de Cristo Missionária – ICM, em 27/11/2016.