Tratem
a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei.
(1 Pe 2:17 NVI)
É um erro
comum, para quem vê de fora, associar a Bíblia e o Evangelho ao que é
intolerante, ou então entender que a Bíblia e os cristãos são contrários à
prática da tolerância.
Em parte, isso
pode ser explicado pelo fato de que a Bíblia condena algumas práticas, que são,
digamos, condenáveis. Afinal, o Evangelho não se trata, em absoluto, de uma
proposta para massagear o ego do pecador.
O que
é intolerância
Mas, afinal, o
que entendemos como intolerância?
Por definição,
somos intolerantes quando desrespeitamos a outrem pela posição que ocupa (quer
superior ou subalterno); somos intolerantes quando ofendemos a alguém pela sua
opinião ou escolha; deixamos transparecer nossa intolerância no momento em que
agredimos (verbal ou fisicamente) aqueles cuja posição não coaduna com a nossa;
a intolerância existe ainda quando humilhamos uma pessoa por sua cor, raça,
língua, credo, sexo, posição social, cultura ou valores; ela se revela também
no momento em que instigamos a ira contra um diferente qualquer.
E o que não é
intolerância?
Alguns
confundem intolerância com a simples discordância. Veja que nossas
preferências, escolhas, gostos, inclinações, visões, enfim, nossa
individualidade, é o que nos diferencia uns dos outros. Portanto, não concordar
com o que é contrário ao que cremos ou defendemos não pode ser classificado
como intolerância.
O
Evangelho não tolera o pecado
Que diremos então? Continuaremos pecando
para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o
pecado, como podemos continuar vivendo nele? (Rm 6:1 NVI)
Portanto, não permitam que o pecado continue
dominando os seus corpos mortais. (Rm 6:19 NVI)
Pois o salário do pecado é a morte. (Rm
6:23 NVI)
Desde as suas
primeiras páginas, até o derradeiro capítulo, a Bíblia é assertiva quanto à
posição de Deus sobre o pecado. Se há intolerância no Evangelho, esta se resume
à condenação da vida pecaminosa, que é contrária ao próprio Deus. Contrapor a
isso é o mesmo que não aceitar o exercício do dever de um policial que coíbe
veementemente uma prática criminosa.
Tolerar
é amar
Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês
querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas. (Mt 7:12 NVI)
Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?
Respondeu Jesus: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua
alma e de todo o seu entendimento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu
próximo como a si mesmo. (Mt 22:36,37,39 NVI)
É notória a
confusão que existe no que se refere, não necessariamente ao sentido do termo
“tolerar”, mas à sua abrangência. Como sinônimo de aceitar, consentir, observe
a frase:
“Os pais não toleravam a rebeldia do filho”
Note que a
tolerância aí diz respeito não ao filho, mas às suas atitudes. Quando
discordamos de uma pessoa, seja ela quem for, isso não significa
necessariamente que estamos desprezando ou desrespeitando essa pessoa, apenas
que estamos exercendo o mesmo direito dela.
Entrementes,
nosso direito de discordar não pode ser confundido com a prerrogativa de
destratar ou humilhar os outros.
Ademais, como
a igreja vai manifestar o amor, se desprezar os pecadores?
Tolerar
é respeitar
Tratem a todos com o devido respeito: amem
os irmãos, temam a Deus e honrem o rei. (1 Pe 2:17 NVI)
Dentre todos
os sentidos possíveis de tolerância, há um que sobressai: respeito.
O apóstolo
exorta a vivermos como pessoas livres (1 Pe 2:16). Essa liberdade não inclui
tratar os outros como nos parecer melhor, mas “com o devido respeito”. Muitas
das atrocidades que testemunhamos no presente século são fruto de uma
mentalidade de desrespeito. Tornou-se lugar-comum afrontar a tudo e a todos. As
pessoas, não raro, confundem liberdade de expressão com direito de ofender, de
ultrajar.
Conclusão
O mundo está
cheio de intolerantes. A igreja não precisa fazer coro a isso. Ao contrário,
ela precisa externar aquilo para o qual ela foi chamada: amor e respeito.
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Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária
– ICM, em 13/11/2016.