Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar. (Ec 3:1,7 - NVI)
Você já parou para pensar no poder que têm as palavras? Uma
palavra dita a seu tempo pode produzir efeitos impressionantes e
transformadores na vida de quem a recebe. Por outro lado, quando não oportuna,
a palavra pode desencadear até mesmo a ruína de uma pessoa, ou ainda marcar
para sempre aquela pessoa, produzindo dores para o resto de sua vida.
Você acredita que uma palavra pode mudar a vida de uma pessoa?
Você já recebeu uma palavra de alguém (boa ou má) que o fez mudar de atitude? O
que é pior: ouvir uma palavra doce, mas enganosa, ou receber uma palavra dura,
mas verdadeira?
O
poder da palavra: bênção ou maldição
As palavras podem ser um divisor de águas na vida de uma pessoa.
Na época dos patriarcas, a bênção paterna exercia um poder impressionante sobre
a vida dos filhos. Tomemos o exemplo de Jacó, que, orientado pela mãe, montou
um estratagema para conquistar as palavras de bênção que eram destinadas a Esaú
(Gn 27:1-35). A bênção proferida por
Isaque sobre Jacó foi assim:
“Que Deus lhe conceda do céu o orvalho e da terra a riqueza, com
muito cereal e muito vinho. Que as nações o sirvam e os povos se curvem diante
de você. Seja senhor dos seus irmãos, e curvem-se diante de você os filhos de
sua mãe. Malditos sejam os que o amaldiçoarem e benditos sejam os que o
abençoarem.” (Gn
27:28-29 – NVI)
Eles levavam tão a sério esse negócio de bênção, que após
perceber a besteira que havia feito (Gn
25:29-34), Esaú tentou a todo custo conseguir ao menos uma palavra de
bênção de seu pai Isaque (Gn 27:34-40).
Outro episódio na vida de Jacó que podemos citar diz respeito ao
momento em que este fugia de seu tio Labão. Ao atravessar o rio Jaboque, à
noite, se viu lutando com um homem. No momento em que percebeu se tratar de um
mensageiro de Deus, Jacó o segurou e declarou que só o largaria depois que o
homem (anjo) o abençoasse (Gn 32:22-30).
Há ainda o caso memorável do profeta Balaão, que foi contratado
pelo rei moabita Balaque para que proferisse palavras de maldição contra seu
inimigo Israel. Como sabia que Israel era um povo abençoado por Deus, Balaque
entendia que somente um homem de Deus poderia desferir palavras amaldiçoadoras sobre
o povo (Nm 22:1 – 24:1-9)
“Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe naquela época, enviou
mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor, que estava em Petor, perto do
Eufrates, em sua terra natal. A mensagem de Balaque dizia: ‘Um povo que saiu do
Egito cobre a face da terra e se estabeleceu perto de mim. Venha agora lançar
uma maldição contra ele, pois é forte demais para mim. Talvez então eu tenha
condições de derrotá-lo e de expulsá-lo da terra. Pois sei que aquele que você
abençoa é abençoado, e aquele que você amaldiçoa é amaldiçoado’.” (Nm 22:4-6 – NVI)
Na primeira tentativa de maldição a Israel, sobre o primeiro
monte, veja o que saiu da boca de Balaão:
“Então Balaão pronunciou este oráculo: Balaque trouxe-me de Arã,
o rei de Moabe buscou-me nas montanhas do oriente. ‘Venha, amaldiçoe a Jacó
para mim’, disse ele, ‘venha, pronuncie ameaças contra Israel!’ Como posso
amaldiçoara quem Deus não amaldiçoou? Como posso pronunciar ameaças contra quem
o Senhor não quis ameaçar? Dos cumes rochosos eu os vejo, dos montes eu os
avisto. Vejo um povo que vive separado e não se considera como qualquer nação.
Quem pode contar o pó de Jacó ou o número da quarta parte de Israel? Morra eu a
morte dos justos, e seja o meu fim como o deles!” (Nm 23:7-10 – NVI)
Como não deu certo, Balaque levou Balaão a outro monte, mas
novamente o que saiu foi bênção:
“Então ele pronunciou este oráculo: Levante-se, Balaque, e
ouça-me; escute-me, filho de Zipor. Deus não é homem para que minta, nem filho
de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete,
e deixa de cumprir? Recebi uma ordem para abençoar; ele abençoou, e não o posso
mudar. Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O Senhor, o
seu Deus, está com eles; o brado de aclamação do Rei está no meio deles. Deus
os está trazendo do Egito; eles têm a força do boi selvagem. Não há magia que
possa contra Jacó, nem encantamento contra Israel. Agora se dirá de Jacó e de
Israel: ‘Vejam o que Deus tem feito!’ O povo se levanta como leoa; levanta-se
como o leão, que não se deita até que devore a sua presa e beba o sangue das
suas vítimas.” (Nm
23:18-24 – NVI)
Novamente, Balaque levou Balaão ao terceiro monte, e ele disse
por fim:
“…e ele pronunciou este oráculo: Palavra de Balaão, filho de
Beor, palavra daquele cujos olhos vêem claramente, palavra daquele que ouve as
palavras de Deus, daquele que vê a visão que vem do Todo-poderoso, daquele que
cai prostrado e vê com clareza: Quão belas são as suas tendas, ó Jacó, as suas
habitações, ó Israel! Como vales estendem-se, como jardins que margeiam rios,
como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto às águas. Seus reservatórios
de água transbordarão; suas lavouras serão bem irrigadas. O seu rei será maior
do que Agague; o seu reino será exaltado. Deus os está trazendo do Egito; eles
têm a força do boi selvagem. Devoram nações inimigas e despedaçam seus ossos;
com suas flechas os atravessam. Como o leão e a leoa eles se abaixam e se
deitam, quem ousará despertá-los? Sejam abençoados os que os abençoarem, e
amaldiçoados os que os amaldiçoarem!” (Nm 24:3-9 – NVI)
Ainda em nossos dias, pais e mães continuam a proferir palavras
maléficas sobre seus filhos. Quando aborrecidos por alguma circunstância, ou
ainda quando a situação não é favorável, destilam maldições e infortúnios
contra os próprios filhos, na maioria das vezes sem se aperceber do efeito que
aquelas palavras produzirão.
Palavra
na Palavra
Vejamos o que diz o
livro dos Provérbios sobre a palavra:
“A ansiedade no
coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv 12:25). Quando estamos aflitos e acometidos de
solicitude, as palavras dos amigos podem servir de alento para a nossa alma.
“O homem se alegra
em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é!” (Pv 15:23). Uma palavra dada no tempo oportuno pode
fazer toda a diferença.
“Palavras agradáveis
são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv 16:24). As palavras certas são tão importantes para
a alma daquele que as ouve quanto o remédio, para o corpo do doente.
“Como beijo nos
lábios, é a resposta com palavras retas” (Pv
24:26). Como
um beijo apaixonado na pessoa que amamos: assim é a resposta que damos quando
selecionamos sabiamente as palavras antes de falar.
“A resposta branda
desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1). Quantas vezes evitamos uma discussão por
usar as palavras certas? Quantos problemas e ressentimentos poderiam ser
evitados se soubéssemos como falar?
Conclusão
As palavras podem ser proferidas com a melhor das intenções,
mas, antes de liberá-las, precisamos considerar a pessoa que vai receber. A
mesma palavra pode produzir efeitos edificantes ou destrutivos, dependendo do
momento ou da condição em que a pessoa se encontre. Lembre-se: tem horas, que o
melhor mesmo é ficar calado: “Quem retém as palavras possui o
conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência.” (Pv 17:27)
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 16/03/2014.