Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes
esperança e um futuro. [Jr 29:11 NVI]
Um pastor conhecido publicou um livro intitulado “Sonha e
ganharás o mundo”1. Por sua vez, os críticos completaram: “… mas
perderás a tua alma”2, parafraseando o texto de Mt 16:26. Testemunhos
e opiniões à parte, não podemos asseverar que o simples sonhar com algo seja
suficiente para conquistar o que almejamos. Outro ponto diz respeito ao sentido
empregado para a expressão “ganhar o mundo” pelo autor do livro. Ao que parece,
ele se refere a “ganhar vidas, almas para o Reino de Deus”, e nesse particular,
do ponto de vista apologético, não há problema algum, nada obstante a hipérbole
contida na frase. E, como é sabido, “ganhar o mundo” na parábola contada por
Jesus denota o acúmulo desenfreado de riquezas terrenas e a avareza.
Em seu memorável discurso conhecido popularmente como “Eu tenho
um sonho” (“I have a dream”, no
original), o ativista e pastor americano Martin Luther King, em 28 de agosto de
1963, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington D.C., falou da necessidade
de união e coexistência harmoniosa entre brancos e negros no futuro. No
discurso, ele declara: “Eu digo a vocês
hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã.
Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho
americano.”
Mas, afinal, o que são sonhos? Obviamente, não podemos confundir
com aquele “conjunto de ideias e de imagens que se apresentam ao espírito
durante o sono”3. Os sonhos objetos dessa reflexão são ideias fixas,
expectativas, propósitos, anelos, desejos veementes, aspirações.4
Sonho
ou Fantasia?
Não se pode esquecer que os mesmos dicionários que apresentam os
dois significados acima também definem sonhos como: fantasia, devaneio, ilusão.
E a linha que divide nossos sonhos de meros devaneios é muito tênue.
Nossos desejos, ainda que pareçam difíceis, podem ser factíveis.
Mas, no momento em que perdemos a visão, passam a ser apenas quimeras. Muitos
sonhos deixam de ser possíveis, a partir do momento em que deixamos de
acreditar neles. Portanto, a diferença entre o sonho e a fantasia é a fé (Hb 11:1).
Sonhar
é preciso
Tem muita gente desistindo dos seus sonhos, ou porque deixou de
acreditar (“Os meus dias passaram, e se malograram os meus propósitos, as
aspirações do meu coração.” – Jó 17:11), ou
porque se deixou levar pelos que chamo “assassinos de sonhos”. A importância
dos sonhos reside no fato de que eles servem de combustível para a vida, para
continuar a jornada.
Davi teve um sonho lindo: ele queria construir um templo digno
da grandeza e soberania do Deus Todo-Poderoso (2 Sm 7:1-17; 1 Rs 8:17; 1 Cr 28:2). Apesar de que esse sonho só
foi concretizado por seu filho e sucessor, o Senhor disse-lhe: “Você
fez bem em ter no coração o plano de construir um templo em honra ao meu nome”
(1 Rs 8:18 – NVI).
O Senhor se compraz nos sonhos, pois diz em sua Palavra: “Tu,
Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em
ti confia” (Is 26:3 – NVI). Por
“propósito firme” entenda que o texto se refere aos desejos, intentos do
coração, sonhos.
Sonhar é preciso. Sonhar é viver. Pare de sonhar, e,
gradativamente, a vida deixará de ter sentido. Você talvez não veja o seu sonho
ser realizado, mas seus descendentes o verão.
Sonhar
e compartilhar?
Se você sonha, muito provavelmente já se deparou com algum
“assassino de sonhos”. Eles são, normalmente, identificados como amigos,
colegas de trabalho, parentes, e muitas vezes são até irmãos na fé. Num
primeiro momento, quando ficam conhecedores do seu sonho, eles podem demonstrar
partilharem do mesmo propósito. Mas, logo revelam a verdadeira face.
Foi o que aconteceu com Zorobabel, Jesua e os chefes das
famílias de Judá e Benjamin, no período em que o rei persa Ciro decretou que os
Judeus exilados poderiam voltar à sua terra para reconstruírem o templo do
Senhor (Ed 4:1-24). No momento em que esses homens estavam reconstruindo o templo, os
inimigos de Judá se incomodaram e foram oferecer (pseudo)ajuda. Como a ajuda não foi aceita, os tais opositores fizeram tudo o que estava ao alcance deles para impedir a construção, o que de fato aconteceu, durante o reinado de Artaxerxes, ficando a obra parada até o segundo ano do reinado de Dario (Ed 4:24).
Se você já passou por isso alguma vez, saiba que não é o único. Por isso mesmo, precisa ter muito cuidado com quem você resolve compartilhar seus sonhos. Os assassinos de sonhos podem perfeitamente passar-se por amigos para roubar-lhe os seus sonhos; quando não conseguem, eles tentam de todas as formas destruí-los.
Conclusão
O Senhor é o Deus de sonhos! Diferentemente dos ladrões de sonhos, ele pode fazer com que seus sonhos se tornem verdade. Por isso:
Deus diz ainda:
"Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês”, diz o Senhor, “planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro." (Ez 29:11 NVI)
* Todas as referências bíblicas citadas
foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net),
versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA),
excetuando-se aquelas cuja tradução for citada, como a Nova Versão
Internacional (NVI) ou Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 19/01/2014.
Notas e referências: