Jesus parou e ordenou que o homem lhe fosse trazido. Quando ele chegou perto, Jesus perguntou-lhe: “O que você quer que eu lhe faça?” “Senhor, eu quero ver”, respondeu ele. [Lc 18:40-41 - NVI]
Quem não se lembra daquele conhecido conto intitulado Aladim e a lâmpada maravilhosa? Desde
crianças, ouvimos a estória da lendária lâmpada mágica que, quando esfregada,
sai um gênio do seu interior e concede a realização de qualquer desejo. O conto
é de origem árabe e faz parte da coletânea As
mil e uma noites, sendo um dos mais famosos. O personagem principal é o
jovem Aladim, que se depara com um mago, interessado em uma misteriosa lâmpada,
que estaria escondida em uma espécie de caverna ou gruta. O mago pede para
Aladim entrar na caverna e pegar a lâmpada, e em troca lhe oferece uma fortuna.
Ao encontrar a lâmpada e descobrir que o mago estava tentando enganá-lo, Aladim
acaba ficando preso na caverna. Ao começar a esfregar acidentalmente a lâmpada,
Aladim vê sair de seu interior um gênio, que se dizia capaz de realizar todos
os desejos de Aladim. Um dos desejos de Aladim foi se tornar um príncipe e
casar-se com a princesa, filha do sultão, o que lhe foi concedido, fazendo-o
tornar-se príncipe e governador de seu reino.
Qual
é o seu desejo?
Fantasias à parte, poucas pessoas tiveram o privilégio de ouvir
essa pergunta vinda do próprio Deus. Uma delas foi o homem identificado como o
mais sábio de todos os tempos:
“Em Gibeão, apareceu
o SENHOR a Salomão, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que
queres que eu te dê.” (1 Rs 3:5)
A resposta nós já sabemos. Salomão poderia ter pedido o que
quisesse: riquezas, fama, reinos, mulheres… Veja que tudo isso ele alcançou,
mas após tornar-se o homem mais sábio da face da Terra:
“Respondeu Salomão:
De grande benevolência usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele
andou contigo em fidelidade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a
tua face; mantiveste-lhe esta grande benevolência e lhe deste um filho que se
assentasse no seu trono, como hoje se vê. Agora, pois, ó SENHOR, meu Deus, tu
fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de uma criança,
não sei como conduzir-me. Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo
grande, tão numeroso, que se não pode contar. Dá, pois, ao teu servo coração
compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre
o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?” (1 Rs 3:6-9)
Situação parecida encontramos no episódio entre Elias e Eliseu,
momento antes de o primeiro ter sido transladado. Eliseu, por sua vez, não
pestanejou:
“Havendo eles
passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça,
antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança
porção dobrada do teu espírito.” (2 Rs 2:9)
No pedido de Eliseu, “porção dobrada” não significa
necessariamente que este receberia o dobro da unção do profeta Elias, mas quer
dizer, literalmente, que Eliseu gostaria de receber a chamada bênção de
primogenitura; em outras palavras, que ele se tornasse o herdeiro legítimo do
ministério profético de Elias.
O rei Davi também passou por uma situação que o Senhor o
colocou, na qual deveria optar por uma dentre três alternativas, nem uma delas,
diga-se, exatamente agradável, pois seria a consequência de seu erro:
“Veio, pois, Gade a
Davi e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Escolhe o que queres: ou três anos
de fome, ou que por três meses sejas consumido diante dos teus adversários, e a
espada de teus inimigos te alcance, ou que por três dias a espada do SENHOR,
isto é, a peste na terra, e o Anjo do SENHOR causem destruição em todos os
territórios de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de dar ao que me
enviou.” (1
Cr 21:11-12)
De acordo com a sequencia do texto, a escolha de Davi (cair nas mãos do Senhor, a terceira
opção) levou em consideração o fato de o seu Deus ser misericordioso. Apesar de
presenciar a morte de setenta mil israelitas, pela peste enviada pelo Senhor, a
escolha de Davi mostrou-se acertada, na medida em que o Deus misericordioso não
permitiu que o anjo destruísse a cidade de Jerusalém (1 Cr 21:15).
Com isso aprendemos outra verdade: as consequências de nossos
erros, cedo ou tarde, poderão atingir a outras pessoas.
Que
seja feita a sua vontade
Seguramente, o Deus Todo-Poderoso não pode ser comparado ao
fictício gênio da lâmpada de Aladim. Mas, o Senhor Jesus, certa vez, declarou a
mesma frase a uma mulher apenas identificada como “cananéia”, no episódio
narrado pelo evangelista Mateus (15:21-28).
De acordo com o texto, Jesus estava sendo seguido pela mulher, que clamava: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de
mim! Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito” (v.22 – NVI). Num primeiro momento, o
Senhor não deu atenção. Após a intervenção dos discípulos, respondeu que ele
havia sido enviado “às ovelhas perdidas de Israel”. Como a mulher foi
insistente, Jesus fez-lhe a seguinte declaração: “Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (v.26 – NVI).
Lendo friamente essa afirmação do Mestre, poderíamos dizer que
ele havia sido duro demais com aquela mulher. Mas veja que a intenção do Senhor
é de aguçar a sua fé. E foi o que ele conseguiu. Observe que a mulher
responde-lhe à mesma altura: “Sim, Senhor,
mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”
(v.27 – NVI). Em outras palavras, a
estrangeira estava dizendo a Jesus que ele não precisava deixar de alimentar os
filhos para dar de comer aos estrangeiros (cachorrinhos), mas que só as
migalhas já eram suficientes. Foi nesse momento que o Senhor respondeu: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme
você deseja” (v.28 – NVI). Como
resultado, a filha dela ficou curada na mesma hora.
O
que queres que eu te faça?
Essa foi a pergunta que o cego Bartimeu ouviu de Jesus (Lc 18:41). Você deve concordar que
parece uma pergunta inócua ou, no mínimo, retórica, já que Jesus sabia que se
tratava de um cego. A resposta do cego, portanto, não poderia ser outra: “Senhor, eu quero ver” (v.41 – NVI).
A questão aqui é que Jesus gostaria de ouvir da boca do próprio
Bartimeu. Quantos de nós estamos aguardando algum benefício de Deus, sem falar
nada, achando que ele já sabe o que queremos (Mt 6:8)? Veja que Jesus não disse para não falarmos a Deus o que
queremos. Disse, sim, que “antes de
vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam” (NTLH). Portanto, apesar de saber o que
queremos e do que precisamos, o Senhor quer ouvir de nossa boca. Afinal, foi o
próprio Jesus quem disse: “Peçam e vocês
receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês.” (Mt 7:7 – NTLH)
Conclusão
E você, o que deseja que o Senhor faça por você? Então peça, sem
vacilar, sem duvidar; peça como a mulher cananéia, como o cego Bartimeu. Apesar
de o Senhor saber o que eles queriam, a forma como pediram fez toda a
diferença.
Lembre-se que a forma como pedirmos será determinante para
recebermos ou não a bênção que buscamos de Deus:
Referências:
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 03/11/2013.
* Todas as referências bíblicas citadas
foram retiradas da Bíblia On-Line (www.blibliaonline.net),
versão em Português por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada (ARA),
excetuando-se aquelas cuja tradução for citada, como a Nova Versão
Internacional (NVI) ou Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH).