Muito provavelmente, você já
deve ter-se debruçado diversas vezes sobre esse texto. Talvez já ouviu inúmeras
mensagens, estudos e ainda apelos no momento da oferta, em que o orador fazia
uso dos fatos narrados sobre essa anônima senhora. Só o que sabemos é que ela
era uma senhora viúva e que não tinha muitas posses. É provável que você chegue
à conclusão de que as lições contidas nesse texto são tão simples e fáceis de
entender que dispensam outras explicações.
Entretanto, você também deve
concordar que muitas coisas identificadas como “verdades fundamentais” são, por
vezes, ignoradas pela maioria das pessoas, inclusive por você. Portanto, é
preciso tentar responder algumas questões vitais contidas no texto:
ü
Qual
a diferença entre a maneira que Deus vê e a maneira que o homem vê?
ü
Qual
a relação entre 'o muito' e 'o pouco' para Deus. E para o homem?
ü
Será
que Deus nos observa enquanto entregamos para Ele as nossas ofertas?
ü
Será
que a oferta agradável a Deus é aquela que nos faz falta, a oferta sacrificial?
ü
Como
podemos aplicar estas lições à nossa vida, ao nosso dia a dia?
O ponto de vista de Deus versus o do homem
Vamos pensar primeiramente,
em algo que transparece de modo latente e claro no texto, que é a diferença
entre o ponto de vista humano e o ponto de vista divino. O primeiro é voltado
para o valor, a quantidade, o volume, o material, o exterior, o visível, o
aparente e o que desperta louvores humanos; o outro é voltado para o espiritual
e se preocupa mais com a atitude do coração do ofertante do que com o conteúdo,
e vê o desprendimento, a entrega, o sacrifício, não se preocupando com a quantidade ou o valor da oferta, mas, na
atitude e no coração do ofertante.
A oferta é um retrato fiel do coração do ofertante para com
Deus, é um símbolo da confiança que temos nele. Todos ofertavam para Deus;
alguns são vistos e valorizados por homens; a mulher é vista e valorizada por
Deus. Quem teve melhor recompensa?
Muito ou pouco: eis a questão
Em segundo lugar, podemos
pensar noutro princípio aqui evidente, que é a relação entre o muito e o pouco
sob estes dois pontos de vista. Na visão humana, observa-se a oferta e
compara-lhe o valor, a soma, a quantia, o que se pode fazer com o dinheiro
investindo na obra de Deus; assim, quanto mais se tem, mais se pode fazer. O olhar divino é diferente: Ele observa o
ofertante, não a oferta, observa o sacrifício, a fé, e, ainda que
economicamente a oferta nada represente, tem um valor espiritual incalculável
perante os olhos de Deus, e Lhe chega como aroma suave às narinas.
No relato bíblico, lemos que
a mulher depositou “duas pequenas moedas”, que eram equivalentes a “um quadrante” (quadrans). O termo traduzido por “pequena moeda”, na realidade era
um “lepton”, que correspondia à menor
moeda judaica da época. Era uma moeda de cobre que tinha, aproximadamente, 0,8
g e equivalia a ½ quadrante (menor
moeda romana), também de cobre, equivalente a ¼ de asse, esse correspondia a 1/16 do denário
(para os romanos e dracma para os
gregos), equivalente a uma diária de um trabalhador regular da época.
Resumindo:
1 lepton = ½ quadrante = ¼ de asse = 1/16 do denário = 1/100
da mina = 1/60 do talento, ou
1 talento = 60 minas; 1 mina = 100 denários; 1
denário = 16 asses; 1 asse = 4 quadrantes; 1 quadrante = 2 leptons (oferta da
viúva).
Destaque-se ainda que o termo
grego usado por Marcos significa, literalmente, que era uma mendiga. Lucas
(21:2), por sua vez, usa outro termo, que indica extrema pobreza. Concluímos,
então, que a oferta da viúva fora insignificante, em termos monetários, mas de
grande valor para Deus.
A oferta sacrificial
Quem teve mais fé nesta
situação? Quem ofereceu o melhor sacrifício a Deus? Saiba, Deus merece e quer
tudo, não a sobra. Ele tem prazer em
observar o coração dos seus filhos no ato de ofertar. A atitude e o coração do
ofertante é mais importante para Ele do que a oferta. Você se lembra de
Caim? Deus o observava, e não se agradou dele, e não recebeu a sua oferta,
apesar de quantitativamente falando, estar oferecendo uma oferta volumosa e
expressiva. Sua vida não foi aprovada por Deus, conseqüentemente, a sua oferta
não foi aceita. Aqui está em jogo o
ofertante, não a oferta.
Você acha que pode comprar a
Deus com o seu dinheiro ou bens? Acha que pode corrompê-Lo? Acha que pode viver
impiamente e compensar com ofertas? Ele não precisa disto. A oferta é apenas uma maneira de provar a nossa gratidão, é uma
demonstração de que confiamos nele para o nosso sustento, pois se somos capazes
de ficar sem nada, por lhe entregar tudo, é porque temos a certeza de que Ele irá
suprir e satisfazer as nossas necessidades.
Será que Deus tem aceitado as
nossas ofertas? Ele está a nos observar e tem prazer quando vê um filho seu
mais preocupado em lhe honrar e agradar do que consigo mesmo. Quando o vê em
atitude de fé, entregando aquilo que lhe fará falta, demonstrando que confia em
seu cuidado. Oferta é demonstração de fé e, se não nos fizer falta, é apenas a
sobra, e Deus não aceita sobra, o homem, sim. A oferta aceitável a Deus deve ser aquela que provém de um coração
sincero e confiante.
Conclusão
Você é alguém que dá a sobra
para Deus, seja do tempo dedicado a Ele, seja das boas obras que faz, seja das
vezes que testifica dele a outros, seja do lugar e importância que ocupa na sua
vida, mente e pensamentos, seja do dinheiro que investe em sua obra? É daqueles
que vivem desonrando e desobedecendo a Deus, mas tranqüiliza a consciência
quando vai à igreja de vez em quando, ou dá um bom dinheiro para compensar?
Esta é a oferta de Caim, a oferta dos fariseus. Mas, não é isso que Deus quer
de nós.
E o que Deus quer de nós? Ele quer o controle total das nossas
vidas, quer que dependamos dele para viver, quer todo o nosso dinheiro, todos
os nossos bens, quer a nossa família, quer estar no controle do nosso coração,
quer participar das nossas decisões, quer comandar a nossa vontade e ser o
centro da nossa fé e amor.
Ele nos quer completos para
Ele, não quer o que nos sobra. Ele quer
tudo, mesmo que pareça pouco, ou quase nada. Ele não se satisfaz com menos
do que isto. Ele não quer as nossas coisas, Ele nos quer, pois, tendo-nos,
também terá tudo o que é nosso. Então,
não é o quanto se dá para Deus que importa, mas quem dá. Ele quer exclusividade
e não partilha a sua glória com ninguém.
A mulher da história, não
tinha marido, não tinha ninguém para lutar por ela, era pobre, e o pouco
dinheiro que poderia aproveitar em seu benefício, ela deu como oferta de
gratidão a Deus, em benefício da obra dele, que tinha prioridade até sobre a
sua vida. Era tudo quanto tinha, mas ela deu, e certamente não se arrependeu,
nem se preocupou se as pessoas ao seu redor ficariam satisfeitas com a quantia.
Seu único objetivo era agradar a Deus.
E você, está disposto a
deixar que Deus controle toda a sua vida? Você quer agradar a Deus? Então se
inspire nesta história. E lembre-se: Deus
te quer por inteiro, e isto inclui tudo quanto você possui, mesmo que pareça
não ser nada. Ele promete se revelar e se manifestar aos que se
desprenderam de si mesmos e estão saltando inteiramente em seus braços, sem se
preocupar que abaixo há um profundo abismo, pois confia que Ele irá amparar em
Seus braços. Que a nossa vida e as nossas oferendas sejam agradáveis aos Seus
olhos, e recebam dele o louvor.
A Deus toda a glória!
A Deus toda a glória!
* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 13/07/2008.
** Mensagem
adaptada. Texto original de autoria de Jair Souza Leal, disponível em:
«http://www.suaigreja.com.br/_gutenweb/_site/pg_materia.cfm?cod_secao=4&cod_subsecao=6&cod_news=449»
Acesso
em 12 Jul. 2008.
Referências: