Fariseus
e publicanos são constantemente citados em diversas situações apresentadas no
Novo Testamento. Muitas histórias narradas nos evangelhos apresentam vários
representantes das duas classes, permitindo-nos entender suas particularidades,
suas razões (ou a falta delas), costumes e motivações. Muitos desses
personagens ganharam notoriedade, sendo lembrados simplesmente pelas alcunhas
“fariseu” ou “publicano”.
Quem
(ou o que) eram os fariseus? O que eles seguiam e defendiam? Qual a implicação
de ser fariseu? Afinal, como podemos categorizar os fariseus: como boa ou má
classe? Existem fariseus em nossos dias?
E o
que dizer dos publicanos? O que fazia um publicano? Qual a reputação dos
publicanos junto à sociedade da época?
A SUPREMACIA DO FARISAÍSMO
A
primeira referência aos fariseus é encontrada em Mt 3:7, quando João Batista os chama de “raça de víboras”. E não é
necessário explicar o sentido da expressão de João.
Quanto
à origem dos fariseus, é sabido que eles eram descendentes espirituais dos
judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus,
no século II a.C. O termo fariseu significa “separatista” ou “separado” (do
hebraico “prushim”), tendo sido
atribuído provavelmente por seus opositores. Outra versão diz que esse título
foi usado com escárnio, uma vez que a severidade do grupo os separava dos
demais judeus; não é por acaso que eles também eram conhecidos como “a
verdadeira comunidade de Israel”.
A
seita dos fariseus era caracterizada pela devoção à Torá (a Lei Judaica), pela
rigidez com que seguiam os preceitos judaicos (o próprio Paulo chama de “a
seita mais severa de nossa religião” – At 26:5), pela criação de uma Lei Oral
(que usavam e apregoavam como complementar à Lei escrita) e, consequentemente,
pela reputação como autoridades nas Escrituras. Além disso, Lucas os identifica
como sendo avarentos (Lc 16:14).
O
que depunha contra o grupo era o fato de suas práticas estarem tão somente
baseadas na aparência de serem justos diante dos homens. Era contra isso que o
Senhor Jesus protestava quando fazia referência a eles (Mt 5:20; 16:6,12;
23:13-29).
Fariseus
conhecidos na Bíblia: Simão, o fariseu que convidou Jesus para comer em sua casa,
quando este foi ungido pela mulher do vaso de alabastro (Lc 7:36-50);
Nicodemos, que era um dos principais dos judeus, a quem Jesus falou sobre a
necessidade de o homem nascer de novo, e que provavelmente se tornou seguidor
de Jesus mais tarde (Jo 3:1-21; 19:39); Gamaliel, o membro do Sinédrio e mestre
da lei, que defendeu os apóstolos quando estavam sob ameaça de morte pelos
principais sacerdotes e membros do Sinédrio, que também fora mestre de Paulo
(At 5:34-41; 22:3); Paulo, o apóstolo, antes de sua conversão, atuava como
perseguidor dos cristãos (At 8:3; 9:1-2,13-14,21), muito provavelmente em
função de sua formação judaica-extremista. Ele mesmo identificava-se como sendo
fariseu (At 23:6; 26:5; Fp 3:5).
A FAMA DOS PUBLICANOS
Por
definição, publicano (ou “aquele que cuida da coisa pública”) era um servidor
do governo romano responsável pela cobrança de impostos e taxas dos cidadãos.
Ou seja, um judeu que cobrava impostos do próprio povo para entregá-los ao
imperador romano. Além disso, os publicanos tinham a fama de serem ladrões, na
medida em que exigiam do povo mais do que era devido. Por esse motivo, o
próprio João Batista, quando representantes dessa classe chegavam para serem
batizados por ele, e, ao questionarem o que deveriam fazer a partir de então,
ele respondia: “Não cobreis mais do que o estipulado” (Lc 3:12-13).
De
acordo com alguns estudiosos, havia duas categorias de publicanos: o primeiro
grupo (chamados publicanos gerais) era formado pelos responsáveis pela renda do
império; o segundo, era composto dos publicanos delegados, que eram nomeados em
cada província romana pelos gerais. Era o segundo grupo que ficava com o
“trabalho sujo”, uma vez que eram os delegados que faziam o recolhimento. Muito
provavelmente, Zaqueu fazia parte do primeiro grupo, já que foi identificado
como “maioral dos publicanos” (Lc 19:2).
Jesus
foi várias vezes condenado pelos fariseus por se mostrar amigo de publicanos
(Mt 9:10-11; 11:19). Isso pode ser explicado pelo fato de os próprios
publicanos também serem seguidores do Mestre (Mc 2:15; Lc 15:1). Certa vez, ao
ser criticado, Jesus respondeu que “os sãos não precisam de médico, e sim os
doentes” (Mt 9:12).
Publicanos
conhecidos na Bíblia: Mateus (ou Levi), que era um dos doze discípulos de Jesus,
ao ser chamado pelo Mestre para segui-lo, ofereceu um grande banquete em sua
casa, na presença de vários outros publicanos (Lc 5:27-30); Zaqueu, que subiu
em uma árvore para ver quem era Jesus, quando este passava pela cidade de
Jericó, recebeu-o em sua casa e prometeu restituir quatro vezes mais a todos os
que extorquiu.
CONCLUSÃO: FARISEU OU PUBLICANO?
Conhecidas
as suas particularidades, resta-nos saber que, no universo cristão (ou não),
somos fariseus ou publicanos. Alguns assumem a posição (velada ou dissimulada)
de fariseu, seja pela erudição e ortodoxia nas doutrinas bíblicas, seja pela
exacerbada posição quanto ao cumprimento das ordenanças, seja pela tendência ao
“separatismo”, seja pela atitude hipócrita, por se mostrarem mais justos do que
os outros. Outros se comportam como publicanos, seja pela aversão à religião,
seja pela devoção ao deus “Mamom”, seja pela prática da extorsão, ou
simplesmente pela condição de “pecador”.
Se
tomarmos como referência os personagens da parábola contada por Jesus, fica
fácil definir de que lado ficar. Entrementes, como queremos ser vistos pelos
outros: como pessoas zelosas pela prática da Palavra ou como pecadores? Como
pessoas que reconhecem a sua condição diante de Deus ou como hipócritas? Como
enganadores e ladrões ou como pessoas separadas (“prushim”) para Deus?
____________________________________* Mensagem pregada na Igreja de Cristo Missionária - ICM, em 15/01/2012.
Referências:
-
http://www.biblia.com.br – versão Revista e
Atualizada
-
Wikipédia – a enciclopédia
livre – http://pt.wikipedia.org
- A Bíblia Anotada, ed. Mundo Cristão